Ataques em território russo nos últimos dias geraram uma nova guerra de versões no conflito que persiste há 15 meses. Autoridades de Moscou afirmam que ucranianos cruzaram a fronteira e se infiltraram na cidade de Graivoron, enquanto Kiev diz que os atos foram realizados por grupos armados locais que se opõem ao Kremlin.

Ao menos oito pessoas ficaram feridas nos ataques que danificaram três casas e um prédio administrativo, segundo o governo da região.

Nesta segunda (22) o governador Viacheslav Gladko disse que parte da população estava fugindo e que o governo iniciou uma "operação antiterrorista", dando às autoridades poder para limitar a circulação de pessoas e suspender serviços telefonia móvel e internet.

Imagens aéreas do que seriam blindados ucranianos cruzando a fronteira e entrando na região de Graivoron foram divulgadas no canal Baza, vinculado ao Kremlin, no Telegram. De acordo com o governador Gladkov, o Exército russo, guardas de fronteira e agentes do FSB (Serviço Federal de Segurança) buscam os autores dos ataques.

Moscou não informou detalhes sobre as condições ou equipamentos usados nas ações. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse apenas que os supostos invasores estavam sendo repelidos pelas forças russas e que o presidente Vladimir Putin estava a par da situação.

Líderes da Ucrânia negam participação nos atos. Citando inteligência militar, a agência ucraniana Hromadske disse que dois grupos armados, a Legião da Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários russos, estavam realizando os ataques. Ambos são formados por cidadãos russos contrários à invasão do país vizinho.

Na guerra de versões que caracteriza o conflito, canais a favor da Ucrânia publicaram gravações do que seriam combatentes russos detidos pelas Forças Armadas de seu próprio país. Em uma delas, que não pode ser confirmada de forma independente, um militar de olhos vendados admite ter sido capturado.

Autoridades relataram combates em três assentamentos russos próximos à Ucrânia. O canal Open Belgorod, no Telegram, divulgou que a energia e a água foram cortadas em várias aldeias.

Em território ucraniano, as forças russas continuam empenhadas em expulsar os últimos soldados ucranianos na cidade de Bakhmut, palco da batalha mais longa da guerra até aqui e reduzida a ruínas após meses de combates intensos.

No fim de semana, general ucraniano Oleksandr Sirski disse que apenas um pequeno contingente de soldados ucranianos continua em Bakhmut, admitindo que o território fora perdido para as forças invasoras. Por outro lado, forças de Kiev avançaram em regiões nos arredores da cidade, acrescentou.