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Oposição ataca Lula e cita 'vergonha' com visita de Maduro; base fala em protagonismo internacional

Ditador da Venezuela veio a Brasília na véspera de encontro convocado pelo Planalto com líderes da América do Sul

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Brasília

Parlamentares da oposição fizeram uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter recebido nesta segunda-feira (29) o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

As críticas partiram principalmente de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que lembraram, em tom de ironia, a decisão do TSE, em 2022, que barrou peças de campanha que relacionassem Lula a Maduro.

Um dos poucos governistas a defender a visita, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a visita representa que o "Brasil volta ao cenário internacional com protagonismo".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, por sua vez, disse que Lula tem razão ao dizer que há muito "preconceito" em relação à Venezuela. "A Venezuela é um grande país. Foram solidários conosco quando Bolsonaro negou oxigênio para hospitais de Manaus", afirmou a petista.

"Querem retomar o comércio e a integração sul-americana. Sofrem mais de 900 sanções dos EUA num momento em que até a oposição de lá demitiu o falso 'presidente' [Juan] Guaidó, reconheceu o processo eleitoral e disputará o governo em 2024. Lula, que já se encontrou com chefes de Estado de 31 países dos mais variados regimes políticos, tem razão: há muito preconceito em relação à Venezuela", escreveu ela.

Lula recebeu Maduro para uma visita oficial. Diferentemente de demais visitas de chefes de Estado, o encontro com o venezuelano só foi incluído na agenda do brasileiro no mesmo dia em que ocorreria.

Maduro também participa nesta terça-feira (30) de reunião que Lula promove com 11 presidentes da América do Sul, para tentar lançar uma nova forma de integração na região. Em fala conjunta à imprensa, Lula chamou o encontro de "momento histórico" e classificou de "equívocos" as decisões que barraram a vinda de Maduro ao Brasil, em particular a proibição imposta por Bolsonaro a autoridades venezuelanas.

Parlamentares ligados ao ex-presidente, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, ironizaram o slogan "o Brasil voltou", usado frequentemente por petistas. "Voltou a paparicar ditadores da América Latina e a tratá-los como 'chefes de Estado'. Democracia para o PT é uma palavra no dicionário", escreveu Ciro, que já foi aliado de Lula, em suas redes sociais.

O filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que Lula mostrou não ter compromisso com a democracia. "Lula demonstra, mais uma vez, a sua falta de compromisso com a democracia ao receber o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, acusado de crimes contra a humanidade, como assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos", afirmou.

O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), por sua vez, disse que a visita era uma "vergonha para os brasileiros" e um "desrespeito com o povo venezuelano". "Na campanha de 2022, o TSE determinou a retirada de inserções que associavam Lula a ditadores como Maduro e [Daniel] Ortega, [da Nicarágua]. Maduro é acusado de torturas, desaparecimentos, agressões e crimes contra a humanidade. Lula, ao recebê-lo, mostra que não tem compromisso com a democracia e nossos valores!", escreveu ele.

Outros bolsonaristas adotaram uma estratégia diferente, enviando ofícios para a embaixada dos EUA para que tome providências e prenda Maduro. O ex-ministro do Turismo e deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) foi um dos que acionaram o posto americano. "Enviei um ofício para a embaixada dos EUA, comunicando que Maduro, foragido do governo americano, encontra-se em território brasileiro, sendo recebido por Luiz Inácio Lula da Silva. Solicitei que o governo americano se manifeste pela prisão de Maduro pela Justiça do Brasil", escreveu.

Foram poucos os governistas e petistas que saíram em defesa da visita oficial de Nicolás Maduro. O deputado André Janones (Avante-MG) partiu para o enfrentamento com bolsonaristas. Em suas redes sociais, ele ironizou ao escrever "ain, mas Bolsonaro odeia ditadores", em uma postagem que mostrava falas de Bolsonaro louvando nomes como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner.

"Não quero discutir mérito sobre Maduro. O fato é que ele foi indiciado pelos EUA, mas não foi acusado formalmente nem condenado. Toda ação dos deputados de direita, pedindo providência dos EUA, é engodo para gado. São despreparados e desesperados por like; para isso, enganam seus apoiadores."

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