Lula busca integração permanente ao receber líderes da América do Sul em Brasília

Governo diz que cúpula de chefes de Estado no Itamaraty terá cooperação em pauta, para além de visões ideológicas

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai buscar uma forma de integração que seja permanente e que conte com os 12 países da América do Sul, durante as visitas de chefes de Estado a Brasília na próxima terça-feira (30).

Com exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta impedimentos constitucionais, todos os 11 presidentes da região foram confirmados e virão à capital federal para participar do encontro.

Isso significa que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, retornará ao Brasil pela primeira vez após ter sido impedido por Jair Bolsonaro (PL). O governo brasileiro ainda não confirmou, no entanto, se Maduro e Lula terão uma reunião bilateral.

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, durante encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília - Pedro Ladeira - 2 mai.23/Folhapress

Os encontros com os líderes sul-americanos vão acontecer no Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, seguidos de um jantar na residência oficial de Lula, o Palácio da Alvorada. Desde que tomou posse, o presidente brasileiro tem afirmado que uma das suas prioridades na esfera internacional é retomar o processo de integração dos países sul-americanos.

No início de abril, Lula assinou um decreto oficializando o retorno do Brasil à Unasul (União das Nações Sul-Americanas). O país havia deixado o órgão durante o governo Bolsonaro.

"Com a medida, o Brasil ratifica o seu compromisso com a consolidação da América do Sul como zona de paz e cooperação, em linha com o preceito constitucional de promoção da integração regional", afirmou o Ministério das Relações Exteriores na ocasião. "A revitalização e a atualização da Unasul serão processos de construção coletiva, a serem levados adiante por meio de diálogo entre todos os países da região."

O governo brasileiro, no entanto, afirma que a forma de integração dos países da região não necessariamente envolverá a retomada da operacionalidade da Unasul. O organismo está praticamente inativo, sem orçamento e inclusive deixou de ter a sua sede própria, que era no Equador. Atualmente apenas sete dos 12 países-membros da Unasul seguem no órgão —Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Peru nunca deixaram a entidade, e, neste ano, Brasil e Argentina voltaram a ela.

A embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, afirma que o encontro da próxima terça terá três objetivos principais. O primeiro, a retomada do diálogo entre países da região em busca de uma visão comum; o segundo, uma agenda concreta de cooperação em áreas como saúde, infraestrutura, meio ambiente e combate ao crime organizado; o terceiro, uma nova forma de integração entre os sul-americanos, a ser decidido pelos líderes presentes.

"Nós buscamos uma instância de integração permanente, inclusiva e moderna", diz Padovan. "É um início de um processo que talvez não seja curto e nem fácil. Mas é preciso sentar e dialogar com todos para ter uma orientação do que esperamos que saia daqui."

Ainda segundo a embaixadora, a visão do Brasil é de que essa integração independa das orientações ideológicas. "Um tipo de integração permanente, que não estivesse suscetível a marés mais à direita mais à esquerda."

Todos os 12 países da América do Sul confirmaram a presença de seus governantes. Apenas o Peru enviará o presidente do Conselho de Ministros, pois Dina Boluarte está impedida de sair do país, por questões constitucionais. Ela era a vice-presidente e assumiu a liderança após a destituição de Pedro Castillo, preso depois de uma tentativa de golpe de Estado.

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