'Zelenski é maior de idade, ele sabe o que faz', diz Lula sobre desencontro no G7
Petista diz ter ficado 'chateado' com situação e critica Biden por 'não falar de paz'
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Em encontro com jornalistas em Hiroshima, no Japão, nesta segunda-feira (22), pouco antes de embarcar para o Brasil após participar como convidado da cúpula do G7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o motivo pelo qual não encontrou seu homólogo da Ucrânia, Volodimir Zelenski, foi porque ele "não apareceu" no horário marcado.
"Se ele teve um outro problema mais sério, um encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado aqui nesse salão às 15h15 o encontro com Zelenski", disse, reafirmando o que o governo havia antecipado à Folha.
"Esperamos, recebemos informação de que eles tinham atrasado e, enquanto isso, atendi o [líder do] Vietnã. Ele foi embora, e a Ucrânia não apareceu. Simplesmente foi isso que aconteceu."
Também disse não estar propriamente "desapontado" com a ausência da reunião —como o líder país do Leste Europeu havia sugerido à imprensa na véspera, em uma declaração que agências de notícias descreveram como irônica—, e sim "chateado".
"Gostaria de encontrar com ele e discutir o assunto", disse, em referência à sua proposta de mediação de paz da guerra entre Moscou e Kiev. "Mas veja, o Zelenski é maior de idade, ele sabe o que faz", prosseguiu Lula, acrescentando que, embora o encontro não tenha se efetivado agora, haverá outras oportunidades no futuro.
O petista também comentou uma cena que, registrada pela agência de notícias AFP, levou alguns a especularem se haveria alguma rusga entre os líderes. Nela, o ucraniano entra na sala da reuniões da sessão de trabalho sobre paz e prosperidade e diversos líderes mundiais se levantam para cumprimentá-lo.
Lula, do outro lado da sala e distante da porta de entrada, permanece sentado, aparentemente concentrado na leitura de um documento e usando o fone de ouvido usado para tradução simultânea. Ao seu lado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden também não se levanta.
O brasileiro afirmou que, naquele momento, "estava rascunhando num papel algumas ideias do meu discurso", para o improviso que fez em seguida. "Eu nem vi a chegada do Zelenski. Quando terminou, eu já tinha uma agenda e já estava atrasado. Eu tive que vir para cá [hotel Ana Crowne Plaza, onde está hospedado]."
Aos jornalistas, Lula afirmou defender a mesma posição que defendia antes do G7 —de defesa de um cessar-fogo e de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. "Estou tentando, com a Índia, a China, a Indonésia e outros países, construir um bloco para tentar uma política de paz no mundo", disse. "Somos um grupo de países do Sul que querem encontrar a paz que o Norte não está conseguindo fazer."
O presidente voltou a pedir a ampliação do número de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para que países como Alemanha, Japão e nações da África e da América Latina como o próprio Brasil integrem o colegiado, uma reivindicação histórica da política externa nacional a que ele já tinha aludido em discurso na cúpula, na véspera.
Lula criticou ainda o que chamou de falta de eficiência do órgão mais poderoso da organização multilateral, dizendo que os próprios membros permanente do Conselho de Segurança é que fazem guerras —caso da Rússia na Ucrânia, mas também das invasões do Iraque e da Líbia, lideradas pelos países ocidentais no comitê.
"Os membros do Conselho de Segurança não obedecem ao Conselho de Segurança", declarou. "Se ele funcionasse da forma que deveria, possivelmente não teria acontecido a Guerra da Ucrânia."
Por fim, Lula criticou o discurso final do presidente dos EUA, Joe Biden, "que não fala em paz". "O discurso do Biden é de que tem que ir para cima do Putin até ele se render. Esse discurso não ajuda."
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