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Conheça as propostas de Milei, vencedor das primárias na Argentina

Candidato ultraliberal defende dolarização da economia e fim da educação e da saúde públicas

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Buenos Aires

Apesar dos resultados que ainda apontam para uma corrida presidencial incerta na Argentina, as eleições primárias realizadas neste domingo (13) tiveram como grande vencedor o ultraliberal Javier Milei. O deputado se declara um anarcocapitalista, e tem propostas tão radicais que é difícil prever seus efeitos caso sejam postas em prática.

No início do mês, ele ligou uma câmera e leu para os seus seguidores o longo plano de governo organizado em tópicos que apresentou às autoridades eleitorais. Em linhas gerais, porém, ele propõe a dolarização da economia do país, o enxugamento do Estado e uma onda de privatizações.

Javier Milei dá entrevista após votar nas eleições primárias, na Argentina - Mariana Nedelcu - 13.ago.23/Reuters

Economista de formação, ele foi um dos poucos presidenciáveis cuja campanha abordou constante e diretamente a inflação anual de 116% que tanto aflige a população argentina. Ao mesmo tempo, recentemente decidiu abandonar uma de suas propostas mais polêmicas, a da defesa pública da venda de órgãos, devido à polêmica que esta causou na mídia e entre eleitores.

Conheça abaixo suas principais propostas.

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Dolarizar e abrir a economia

A primeira medida de Milei se eleito deve ser a retirada das restrições à compra e à venda de dólares vigentes desde o fim do governo de Mauricio Macri, em 2019. Sua principal bandeira é dolarizar a economia por meio de um sistema de livre concorrência entre as moedas, e então eliminar o Banco Central. Especialistas advertem que isso seria muito difícil num país que não tem reserva de dólares.

O economista ainda propõe em seu plano de governo promover uma "abertura comercial unilateral" ao mundo, com foco em investimentos nas áreas de mineração, hidrocarbonetos e energias renováveis.

Ele também defende um corte radical dos gastos públicos, retirando por exemplo os subsídios às empresas de luz e energia, para depois aumentar as tarifas cobradas da população. Na área trabalhista, propõe uma reforma que flexibilizaria os contratos, reduziria as contribuições patronais e os impostos sobre o trabalhador e limitaria o poder dos sindicatos.

Enxugar o Estado e privatizar

Milei diz querer enxugar ao máximo a máquina pública, reduzindo os atuais 18 ministérios para oito. Os destaques são a criação da pasta do Capital Humano, que agruparia Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, e a extinção de ministérios como Cultura, Ciência e Tecnologia e Mulheres, Gênero e Diversidade.

Além disso, ele afirma que quer acabar com secretarias e direções dentro desses órgãos, realocando empregados que não são de carreira "onde eles forem necessários", e privatizar todas as empresas públicas, sem diferenciar as que são saudáveis ou não. O plano incluiria a petroleira YFP, a companhia aérea Líneas Argentinas e a TV Telám. As obras públicas seriam substituídas por obras privadas.

Eliminar educação e saúde públicas

A longo prazo, a ideia de Milei é acabar com os sistemas de saúde e educação públicos e migrar para modelos privados, aspirando eliminar qualquer assistência social direta. Ao apresentar seu plano, porém, ressaltou que "até que o modelo econômico da liberdade seja adotado, permitindo a criação de riqueza, emprego e bem-estar, a eliminação da assistência social seria um crime".

Sua proposta, então, é começar por um sistema de vouchers, como no Chile, tirando a obrigatoriedade de estudar e implementando uma lógica de mercado na educação: "Obrigar é controlar os seres humanos e impor seu padrão moral. Quem quer estudar, estuda, mas não gosto de obrigar", disse recentemente.

O Estado daria um cartão a famílias e estudantes, que escolheriam onde estudar, em escolas privadas ou públicas. O candidato não explica como conciliar essa política com os planos de cortar gastos e impostos.

Desregulamentar compra de armas

A segurança nacional é a área em que Milei tem mais propostas: elas são 47 no total. Ele propõe desregulamentar o mercado legal de armas de fogo, proibir a entrada de estrangeiros com antecedentes criminais e deportar os que cometerem delitos. Sobre reduzir a maioridade penal, diz que vai "estudar a possibilidade".

No sistema prisional, promete construir prisões público-privadas, militarizar as que já existem para reestruturá-las durante esse período de transição e eliminar auxílios a detentos. Fala ainda em capacitar, equipar e "despolitizar" as forças de segurança e modificar leis de defesa nacional e inteligência. Já disse que vai "meter presos os piqueteiros".

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