Taiwan intensifica ações de contraespionagem e investiga infiltração da China
Militar taiwanês é detido sob suspeita de vazar segredos de defesa para forças estrangeiras
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As Forças Armadas de Taiwan prometeram nesta quarta (2) intensificar os esforços de contraespionagem após a abertura de investigações contra militares suspeitos de coletar informações secretas para a China.
Pequim, que reivindica a ilha como parte de seu território, estabeleceu nos últimos anos uma campanha de espionagem para minar a liderança militar e civil de Taiwan, de acordo com a agência de notícias Reuters. Em resposta, o governo taiwanês determinou a apuração imediata dos fatos.
Autoridades realizaram nesta semana uma operação de busca e apreensão no quartel-general da cidade de Taoyuan, no norte de Taiwan, informou a Agência Central de Notícias (CNA), ligada ao governo.
Um tenente de sobrenome Hsiao, do Comando de Aviação e Forças Especiais do Exército, foi detido sob suspeita de vazar segredos de defesa para "forças estrangeiras, incluindo a China" e "organizações em desenvolvimento" em Taiwan, segundo a CNA. Quatro oficiais aposentados também eram investigados.
Em comunicado, o Ministério da Defesa de Taiwan disse que as autoridades haviam reunido "evidências concretas" de atividades ilegais. "Para enfrentar a infiltração do Partido Comunista Chinês, as forças nacionais continuarão a impulsionar a educação contra a espionagem e aumentar a conscientização", disse a pasta, descrevendo a coleta de informações como "traição ao país e ao povo taiwanês".
Alex Huang, vice-secretário-geral do Gabinete Presidencial, disse que incidentes do tipo são "vergonhosos" e pediu investigações. "Quem trair os próprios companheiros e o país deve ser punido", disse ele, acrescentando que as autoridades trabalham de forma árdua para evitar que casos do tipo se repitam.
Na última década, ao menos 21 oficiais taiwaneses em serviço ou aposentados foram condenados por espionagem para a China, segundo apuração da Reuters com base em registros judiciais e em relatórios das agências de notícias oficiais de Taiwan.
Na mesma linha, Pequim lançou uma conta na plataforma WeChat para convidar "todos os membros da sociedade" a se juntarem contra a espionagem, oferecendo recompensas e proteção para aqueles que fornecerem informações, de acordo com a rede CNN. A iniciativa chinesa não menciona Taiwan.
O Escritório de Assuntos de Taiwan da China não respondeu aos pedidos de comentários feitos pela Reuters. O regime chinês considera a ilha uma província rebelde e promete retomá-la pela força, se necessário. Nos últimos meses, Pequim vem aumentando as pressões militar e política contra a ilha.
O ápice das tensões aconteceu em agosto de 2022, quando a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, fez a primeira visita de uma alta autoridade americana em 25 anos à ilha. Depois, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, retribuiu a visita. Em represália, as forças chinesas simularam um "cerco total" à ilha.
À agência AFP o ministro taiwanês das Relações Exteriores, Joseph Wu, voltou a dizer nesta quarta que uma eventual invasão chinesa à ilha de Taiwan teria "consequências desastrosas" para o mundo. Ele lembrou que o território tem importância estratégica para o comércio marítimo e que Taipé lidera a produção global de microchips. "Imagine [os efeitos] da interrupção da cadeia de suprimentos."
Com Reuters e AFP
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