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Ucrânia atinge navio em ataque inédito a porto na Rússia; veja vídeo

Russos dizem ter repelido drones, mas imagens e analistas confirmam sucesso da ação

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São Paulo

Pressionada pela dificuldade em sua contraofensiva e pela campanha de bombardeio contra seus portos, a Ucrânia conseguiu sucesso em uma ação ousada e inédita na madrugada desta sexta (4): atacou com drones marítimos uma base naval na Rússia, danificando um grande navio de transporte do adversário.

A operação foi conduzida pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia) e confirmada pela Defesa da Rússia. O que difere é o resultado divulgado: Moscou afirma ter repelido o ataque abatendo dois drones, e Kiev clamou sucesso ao abalroar o navio de transporte de tropas Olenegorski Gorniak no mar Negro.

Imagens e relatos de analistas apoiam a versão ucraniana. O SBU divulgou um vídeo gravado de dentro do drone marítimo, essencialmente um barco carregado com estimados 450 kg de explosivos do mesmo tipo que já havia atingido a ponte que liga a Crimeia anexada à Rússia no mês passado.

No registro divulgado por Kiev, o aparelho se aproxima e atinge o centro de um navio com perfil semelhante ao do Olenegorski Gorniak. Pela manhã, emergiram vários vídeos em redes sociais feitos por russos da embarcação inclinando e, depois, sendo rebocada em Novorossisk. A Folha falou com um analista militar em Moscou, próximo ao Ministério da Defesa, que confirmou o dano do ataque.

Imagem de rede social mostra navio russo Olenegorski Gorniak avariado, sendo rebocado no porto de Novorossisk - @Sprinter99800 no Twitter

Mais importante do que a avaria é a natureza da ação. Novorossisk, porto por onde passam 2% da produção mundial de petróleo, fica a 850 km por mar da região de Odessa, principal área portuária da Ucrânia. Os drones são muito difíceis de detectar, pois são quase submersíveis, ficando apenas parte de sua estrutura para fora da água. Ainda assim, o alcance da ofensiva impressiona.

O Olenegorski Gorniak, de 112 metros de comprimento, pertence à Frota do Norte russa, baseada no Ártico, mas desde o início da guerra apoia as ações no mar Negro. Ele serve de transporte para soldados e equipamentos da Rússia para os portos ocupados na costa do mar de Azov, um ramo do mar Negro.

O terminal comercial de Novorossisk carrega petroleiros com produto russo e também do Cazaquistão, que chegam lá pelo Consórcio do Oleoduto do Mar Cáspio. Segundo o órgão, não houve danos à sua infraestrutura ou a navios fundeados lá. Para driblar as sanções ocidentais, a Rússia aumentou vertiginosamente a exportação de óleo, com preço mais barato, para países como Índia e China.

No mais famoso resort russo, Sochi, 280 km ao sul do porto e sede da Olimpíada de Inverno de 2014, a segurança foi reforçada para os 200 mil turistas ora visitando a cidade.

Os ucranianos tentavam atingir navios russos desde a semana passada, segundo Moscou, que sempre divulgou êxito em afundar os drones. Como não tem mais uma Marinha operante, Kiev apostou nas embarcações de controle remoto. Em 2022, conseguiram a mais simbólica vitória na guerra ao afundar o cruzador pesado Moskva, nau capitânia da Frota do Mar Negro, com mísseis disparados de terra.

A ação confirma o mar Negro como palco renovado das hostilidades desde que Vladimir Putin abandonou o acordo que permitia o escoamento da produção de grãos de Kiev pelo corredor marítimo que liga sua costa ao estreito do Bósforo, na Turquia, para dali ganhar o Mediterrâneo.

Putin passou a bombardear a infraestrutura portuária da região, inclusive terminais no estuário do rio Danúbio, que eram secundários em volume, mas que ficam a poucas centenas de metros da Romênia, país membro da Otan. Assim, a aliança militar do Ocidente aumentou a vigilância aérea na região, mas navios seguem impedidos de passar com segurança, o que eleva ainda mais a tensão.

Nesta sexta, o Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou que as ações mostram que a Rússia "aumentou seu apetite pelo risco de conduzir ataques perto do território da Otan".

A Ucrânia também acusou a Rússia de planejar um ataque de bandeira falsa, ou seja, feito por ela mesmo contra uma refinaria na Belarus. O objetivo, segundo o SBU, seria culpar sabotadores ucranianos para provocar Minsk, que já está em atrito com a Polônia no contexto da guerra.

Desde que os mercenários do Grupo Wagner foram realocados para a ditadura aliada de Moscou, na esteira do motim fracassado contra a cúpula militar russa, os poloneses acusam o risco de incursões da Belarus contra seu território. Varsóvia disse que seu espaço aéreo foi invadido por helicópteros belarussos e reforçou as fronteiras, além de promover uma reunião de emergência com a vizinha Lituânia.

Já a Agência Internacional de Energia Atômica divulgou não ter encontrado explosivos nos tetos dos reatores 3 e 4 da usina de Zaporíjia, a maior da Europa, sob ocupação russa no sul da Ucrânia. Kiev acusava a Rússia de preparar um ataque de falsa bandeira para culpá-la de terrorismo nuclear. A agência só teve acesso um mês após a denúncia e quer inspecionar os tetos de outros quatro reatores do local.

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