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Yu Peng

Taiwan é uma parte da China: sua história, realidade e futuro

Acusação de que Pequim pressiona Brasil para reafirmar o princípio de 'uma Só China' é especulação maléfica

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Yu Peng

Cônsul-geral da China em São Paulo

Os resultados eleitorais recentes na região Taiwan da China chamaram grande atenção da imprensa internacional. As eleições na região Taiwan da China são uma questão interna da China e a adesão ao princípio de "uma só China" é um consenso da comunidade internacional.

Após as últimas eleições, mais de cem países e organizações internacionais, incluindo o Brasil, reafirmaram a posição de "uma só China". Há ruídos alegando que Taiwan é um "Estado soberano" e que a reafirmação dos países ao princípio de "uma só China" foi pressionada por Pequim. Como cônsul-geral da China em São Paulo, gostaria de esclarecer a história, a realidade e o futuro da questão de Taiwan.

Guardas hasteiam a bandeira nacional de Taiwan no Boulevard da Democracia no Salão de Memórias Chiang Kai-shek, localizado em Taipé - Yasuyoshi Chiba - 14.jan24/AFP

História: Taiwan pertence à China

Essa afirmação possui sólidas bases tanto na história como na jurisprudência. Desde tempos remotos, Taiwan esteve sob a jurisdição administrativa do governo central chinês. No início do século 17, o território foi ocupado pelos holandeses, mas logo foi recuperado em 1662 pelo general chinês Zheng Chenggong, durante a dinastia Ming.

Já no final do século 19, Taiwan foi invadida pelo Japão, porém, documentos oficiais como a Declaração do Cairo de 1943 e a Proclamação de Potsdam de 1945 determinaram explicitamente que Taiwan, o território da China, anteriormente roubado pelo Japão, deveria ser devolvido à China.

A Proclamação de Potsdam foi aceita pelo Japão, que anunciou sua rendição incondicional. Esses documentos, com validade jurídica internacional, foram fundamentais na ordem pós-guerra, estabelecendo tanto fundamentos históricos como jurídicos que confirmam Taiwan como um território inalienável da China.

Em 1971, a Resolução 2758 da Assembleia-Geral da ONU reconheceu oficialmente os representantes do governo da República Popular da China como os únicos representantes legítimos da China nas Nações Unidas. Esse reconhecimento resolveu, definitivamente, a questão da representação de toda a China, incluindo Taiwan, no âmbito político, jurídico e processual.

Na prática, as Nações Unidas se referem a Taiwan como "Taiwan, uma província da China". Essa resolução da questão da representação de toda a China que inclui Taiwan nas Nações Unidas se consolidou de forma definitiva, tanto em termos políticos como jurídicos e processuais. Por isso, não existem "duas Chinas" ou "uma China, uma Taiwan".

Realidade: o princípio de uma só China é a tendência dos tempos e a vontade do povo

Existe apenas uma China no mundo, Taiwan é uma parte inalienável do território da China e o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China.

O princípio de "uma só China" é um consenso geral da comunidade internacional, bem como uma observação devida às normas básicas das relações internacionais. Ao longo da última década, mais de dez países estabeleceram e desenvolveram relações diplomáticas com a China com base no princípio de "uma só China".

Recentemente, o governo de Nauru anunciou que reconhece o princípio de "uma só China", rompe as chamadas "relações diplomáticas" com as autoridades de Taiwan e retomou as relações diplomáticas com a China, tornando o 183º país a estabelecer relações diplomáticas com a China baseado no princípio de "uma só China".

Essas vozes e ações justas refletem o amplo consenso da comunidade internacional em defesa da Carta das Nações Unidas e das normas básicas das relações internacionais, e provam plenamente que o princípio de "uma só China" é a tendência dos tempos e a vontade do povo. Poucos países ocidentais apoiaram as autoridades do Partido Democrático Progressista bem como as forças da "independência de Taiwan".

Como, por exemplo, confundem a questão de Taiwan com questões ideológicas e a interferência nos assuntos internos da China sob pretexto da "democracia", o que não abalará as normas básicas das relações internacionais, muito menos alterará a dinâmica histórica do progresso da China no sentido da reunificação.

Futuro: a China deve e será unificada

Ambos os lados do estreito de Taiwan pertencem a "uma só China" e Taiwan faz parte do território chinês. Embora os dois lados do estreito de Taiwan ainda não tenham sido totalmente unificados, a soberania e o território da China nunca foram divididos, e o fato de a China continental e a região Taiwan da China pertencerem a uma única China nunca mudou.

Há muito que defendemos a ideia do "os compatriotas dos dois lados do estreito pertencem à mesma família" e promovemos intercâmbios e cooperação através do estreito, melhoramos sistemas e políticas para salvaguardar o bem-estar dos compatriotas e compartilhamos oportunidades de desenvolvimento no continente com os compatriotas.

Em 2023, o fluxo humano entre os dois lados do estreito somou aproximadamente 3 milhões de vezes, o comércio atingiu US$ 267,8 bilhões e a China continental se tornou a maior fonte do superávit comercial da região Taiwan da China.

No entanto, com o apoio de forças externas, os elementos "separatistas de Taiwan" na ilha reforçaram as suas atividades separatistas e implementaram a "dessinicização" e a "independência progressiva de Taiwan", que é uma causa fundamental da situação tensa no estreito de Taiwan.

Ao longo dos últimos anos, através da prática de "táticas de salame", certos países não param de esvaziar e distorcer o princípio de "uma só China". Tudo o que querem é conter o desenvolvimento da China.

A China sempre demonstrou maior sinceridade e esforço no sentido da unificação pacífica, mas também é capaz de tomar todas as medidas necessárias contra a interferência externa e combater o número muito pequeno de "separatistas de Taiwan" e as suas atividades separatistas.

A China é o único grande país que ainda não alcançou a unificação completa, e a situação especial em que se prolonga o confronto político entre os dois lados através do estreito de Taiwan é resultado da continuação da guerra civil chinesa e da intervenção de forças externas. A unidade da nação está enraizada na história tradicional chinesa e no sangue da civilização chinesa, e a China deve e irá unificar-se.

Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Ao longo do último meio século, apesar das mudanças do cenário internacional, a China e o Brasil desenvolveram o seu relacionamento a passos firmes com base nos princípios do respeito mútuo, da igualdade de tratamento e da cooperação mutuamente benéfica.

A China e o Brasil, os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios Oriental e Ocidental e membros importantes do Sul Global, compartilham os mesmos pontos de vista e posições semelhantes sobre várias questões internacionais e regionais importantes.

Recentemente, o presidente Lula se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, que visitou o Brasil, e disse que o Brasil apoiou e seguiu abertamente a política de "uma só China" desde o primeiro dia de estabelecimento de relações diplomáticas, e continuará a aderir firmemente a esta posição no futuro.

O assessor-chefe da assessoria especial da Presidência Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira sublinharam que o Brasil continuará a aderir ao princípio de "uma só China". O princípio de "uma só China" tem sido observado pelas autoridades estaduais e municipais de São Paulo, o que a China aprecia muito.

O Brasil é um país independente e soberano. A política externa e a postura do Brasil são determinadas pelo próprio povo brasileiro e, sempre, respeitamos isso de forma integral. A acusação infundada de que Pequim pressiona o Brasil para reafirmar o princípio de "uma só China" é uma especulação maléfica em relação à China, como também uma falta de respeito para com o Brasil.

Acreditamos que o consenso internacional sobre o princípio de "uma só China" será cada vez mais forte e que a justa causa do povo chinês de se opor à secessão de Taiwan e à interferência de forças externas e lutar pela reunificação nacional será mais compreendida e apoiada por países de todo o mundo, inclusive o Brasil.

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