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Guerra da Ucrânia e Trump movem campanha eleitoral para Parlamento Europeu

Temática do pleito deve favorecer crescimento de forças à direita do espectro político; votação ocorre em junho

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Bruxelas

A guerra na Ucrânia e o espectro de Donald Trump na Casa Branca movimentam a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, que ocorre de 6 a 9 de junho.

Órgão legislativo da União Europeia, o Parlamento é importante para determinar quem vai presidir a Comissão Europeia, braço executivo que toca a máquina no bloco. O cargo está hoje ocupado pela alemã Ursula von der Leyen, candidata favorita à reeleição.

Sede de Bruxelas do Parlamento europeu, com fachada alusiva às eleições para a casa em junho de 2024 - Roberto Dias - 21.mar.2024/Folhapress

Defesa e segurança são o combo mais citado por cidadãos do bloco quando questionados sobre que tema a União Europeia deveria priorizar para reforçar sua posição no mundo.

Pudera: os eleitores convivem há dois anos com a guerra promovida pela Rússia no leste do continente, de grande impacto em coisas como o preço da energia e de reiteradas ameaças de uso do botão nuclear. E agora podem ver de volta à Casa Branca o líder que ameaça desmontar o sistema de defesa montado ao redor da Otan, não por acaso sediada numa imensa construção de aço e vidro na mesma Bruxelas que comanda o bloco.

E se Trump for eleito, o que a Europa deveria fazer de diferente desta vez?, perguntou a Folha a Nicolas Schmit, o principal candidato da esquerda ao cargo de presidente da Comissão Europeia.

"Não podemos mudar o sentido da eleição nos EUA. A Europa tem de defender a si própria. Precisamos investir na nossa segurança, isso é evidente, não há escolha", afirmou o político de Luxemburgo, que é um dos atuais comissários europeus (uma espécie de ministro).

Em debate nesta semana, Von der Leyen disse que "defenderia, por exemplo, um escudo de defesa aérea" –e indicou que o dinheiro para isso poderia sair dos subsídios hoje distribuídos pelo continente.

O eurodeputado espanhol Javi López, do principal bloco da esquerda, concorda que a segurança está no centro destas eleições. "É uma agenda mais relacionada ao mundo, depois de uma década mais introspectiva."

De fato: a última campanha, em 2019, foi marcada pela crise do brexit. A anterior, em 2014, teve como ponto-chave o debate sobre roaming telefônico.

Nestas eleições, a temática deve favorecer o crescimento de forças à direita do espectro político, com diferentes graus de radicalismo, indicam as pesquisas. Na centro-direita, o grupo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, por exemplo, tende a sair fortalecido.

Já o bloco da ultradireita sofreu um racha nos últimos dias, após o líder do partido alemão AfD conceder entrevista dizendo que nem todos os membros da SS, agrupamento paramilitar nazista, seriam criminosos. A polêmica afastou gente como Marine Le Pen, líder francesa que construiu sua carreira combatendo os imigrantes.

Plenário da sede de Bruxelas do Parlamento Europeu; os deputados se sentam de acordo com o espectro ideológico de seus partidos; sendo que a direita começa à direita de quem olha para o plenário a partir da mesa central - Roberto Dias - 21.mar.24/Folhapress

A preocupação com a segurança do continente deve impulsionar o comparecimento às urnas. A participação foi caindo desde a primeira votação para o Parlamento, em 1979, até inverter a curva na última, cinco anos atrás, quando atingiu 51% –e agora o percentual de pessoas que dizem que provavelmente votarão é maior do que era na vez passada.

Isso porque até as eleições europeias têm consequências, como brincou artigo de opinião no jornal americano The Wall Street Journal, em chiste com o complexo sistema decisório da política no continente.

Afora a segurança, um ponto de atenção é a política para o clima –a movimentação do pêndulo à direita poderia desacelerar a agenda verde na região.

Outro é o da definição do tamanho do bloco, hoje com 27 membros. A crise do brexit representou a primeira vez que a União Europeia encolheu, após décadas de expansão. Agora, ainda que a fila de pretendentes some nove países, não se antevê novo alargamento tão logo.

Não menos importante, está o problema econômico. A taxa de crescimento europeia há tempos não é páreo para o ritmo americano, muito menos o chinês, a despeito de pequeno soluço mais recente. Com problemas de competitividade e emparedada pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, Bruxelas tenta estabelecer com Pequim uma rota comercial menos truculenta do que a de Washington, num equilíbrio difícil, que Von der Leyen define como "uma abordagem customizada".

O jornalista Roberto Dias viajou a convite da PrestoMedia

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