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Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Chefe das Forças Armadas diz que há tentativa de golpe de Estado contra Maduro

Falas escalam temor de repressão em dia no qual oposição chamou atos pela Venezuela; líder chavista pede prisão de María Corina e Edmundo González

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Caracas

Ecoando o que diz o ditador Nicolás Maduro, seu ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou na manhã desta terça-feira (30) que há uma tentativa de golpe de Estado em curso no país e a atribuiu a "interesses do imperialismo norte-americano".

Pouco depois, um dos nomes mais importantes do chavismo, Jorge Rodríguez, que preside o Legislativo controlado pelo regime e liderou a campanha de Maduro, pediu a prisão do candidato Edmundo González e de María Corina Machado.

O ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, durante discurso em Caracas no qual afirmou que há tentativa de golpe de Estado contra Nicolás Maduro - Divulgação

É incerta a situação nas fileiras das Forças Armadas venezuelanas, que ganharam enorme protagonismo na era chavista ao pregar uma "união cívico-militar", e se há ou não dissidência em um momento no qual crescem as acusações de que houve fraude eleitoral.

Ao menos do alto comando, porém, o alinhamento está com a ditadura. "Reafirmamos nossa absoluta lealdade e nosso apoio incondicional a Nicolás Maduro", disse o ministro.

Ele buscou passar imagem de união nas fileiras. "A Força Armada Nacional Bolivariana da Venezuela reitera seu irredutível compromisso com a paz; atuaremos em perfeita união cívico-militar-policial para preservar a ordem interna em todo o território nacional."

As falas do chefe militar ampliam o temor de repressão na Venezuela em um dia no qual ocorrem pelo país atos da oposição liderada por González e por María Corina e que sucede uma segunda-feira (29) marcada por protestos e violência.

Os líderes opositores pedem uma vigília pacífica pouco antes do horário do almoço, mas há forte policiamento nas ruas de Caracas. Eles têm pedido que os militares "assegurem que a voz do povo nas urnas seja ouvida".

"É um golpe de Estado midiático apoiado nas redes sociais pelo imperialismo norte-americano; trata-se do fascismo em sua máxima expressão", disse Padrino López nos termos comuns do chavismo.

Ele afirma que mais de 900 observadores eleitorais participaram do pleito deste fim de semana. O perfil majoritário dos observadores, no entanto, era de aliados de Maduro.

Já Jorge Rodríguez, nome forte de Nicolás Maduro, discursava na Assembleia Nacional que debatia o que chama de "ataques da violência fascista e terrorista por setores da ultradireita".

"Ao fascismo não se perdoa. Que sejam presos seus chefes. E com isso não me refiro somente a María Corina Machado, mas também a Edmundo González, chefe da conspiração fascista na Venezuela."

A oposição e parte da comunidade internacional têm afirmado que houve fraude no processo eleitoral que anunciou Maduro como vencedor com 51,2% dos votos para um terceiro mandato de mais seis anos. Os dados oficiais apontam González com 44,2%.

A principal coalizão opositora diz possuir atas eleitorais suficientes para mostrar que seu candidato é o vencedor. E, enquanto isso, há levantamentos diferentes, feitos com base em amostragens, que também apontam vitória do ex-diplomata González.

Mas o líder do regime foi proclamado presidente apenas horas após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão majoritariamente chavista, anunciar os resultados oficiais, ainda que nem todos os votos tenham sido considerados. A autoridade ainda fala em contagem de 80% e afirma que houve algum ataque hacker ao seu sistema.

Padrino López disse que ao menos um policial está morto e que mais de 30 ficaram feridos em confrontos que tentaram disturbar a paz. Não menciona, porém, as informações sobre os civis. Organizações e a oposição denunciam uma onda de prisões e agressões.

A ONG Foro Penal há pouco atualizou seu balanço e afirma que até a manhã desta terça-feira havia 132 pessoas presas e ao menos seis assassinadas, informações que não puderam ser confirmadas de forma independente. Há um bloqueio de veículos locais de comunicação que não podem ser acessados na Venezuela.

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