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Descrição de chapéu Reino Unido

Três homens são condenados à prisão por participação em atos violentos no Reino Unido

Um deles, que atacou um policial em Southport, teve a maior pena, 3 anos; polícia britânica está em alerta

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São Paulo

A Justiça britânica condenou nesta quarta-feira (7) três homens à prisão por sua atuação nos atos anti-imigração que se espalharam pelo Reino Unido nos últimos dias.

Os distúrbios foram deflagrados após o falso boato de que o suspeito de matar a facadas três meninas no interior da Inglaterra, no último dia 29, era um imigrante muçulmano em situação irregular.

Manifestantes tentam atingir agentes de polícia em protesto anti-imigração em Rotherham, no Reino Unido - Reuters

As condenações desta quarta foram as primeiras sentenças a serem proferidas desde o ataque. No total, mais de 120 pessoas foram acusadas de envolvimento nos atos, e 428 prisões foram feitas em conexão com eles.

Na segunda (5), o primeiro-ministro, Keir Starmer, havia adiantado que processos relacionados aos distúrbios correriam rapidamente e que ele não toleraria a continuidade de ações de "bandidos de extrema direita"

Após uma nova reunião na noite de terça-feira (6), seu governo indicou que acionaria um contingente de 6.000 policiais de reserva para manter a ordem nesta semana.

Derek Drummond, 58, que atacou um policial em Southport, cidade onde o ataque a faca aconteceu, teve a pena mais alta, de três anos. Na corte de Liverpool, ele se declarou culpado dos crimes de desordem violenta e agressão a um policial.

Declan Geiran, 29, foi condenado a 30 meses de prisão após também se declarar culpado de desordem violenta. Ele ainda admitiu responsabilidade por ter iniciado um incêndio criminoso ao atear fogo ao cinto de segurança de uma van da polícia.

Um terceiro homem, Liam Riley, 41, foi condenado a 20 meses de prisão pelos crimes de desordem violenta e ofensa à ordem pública com agravante racial. Não foram divulgados detalhes sobre o episódio.

A procuradora Sarah Hammond disse em comunicado que os três condenados "são a ponta do iceberg [...] do que será um processo muito doloroso para muitos que, tola e imprudentemente, escolheram se envolver em tumultos violentos".

A polícia britânica ainda está em alerta devido ao aumento de mensagens de apoio a extremistas em redes sociais, o que gerou receios de novos tumultos.

Nesta quarta, as autoridades monitoravam quase 30 convocações para atos diante de centros de apoio a migrantes e escritórios de advocacia que prestam assistência jurídica para solicitantes de asilo. As ameaças, que circulavam nas redes sociais, levaram muitos negócios a fechar as portas antes do horário, e alguns comerciantes inclusive cobriram as janelas de seus estabelecimentos com tábuas de madeira.

Mas em vez da extrema direita, quem tomou as ruas foram ativistas contra o racismo e a xenofobia. Milhares de manifestantes se reuniram em cidades como Londres, Bristol, Birmingham, Liverpool e Hastings segurando cartazes com dizeres como "combate ao racismo", "parem a extrema direita" e "troco racistas por refugiados".

Nas multidões era possível identificar muçulmanos, grupos antirracistas e antifascistas, sindicalistas, organizações de esquerda, e até mesmo só moradores indignados com os distúrbios. Até a noite desta quarta, não havia relato de desordem grave.

Homem ergue cartaz em que se lê 'Fascistas não são bem-vindos à nossa cidade' em protesto contra extrema direita em frente à sede do serviço de apoio a solicitantes de asilo de Oxford, no Reino Unido - AFP

Uma das notícias falsas envolvendo o suspeito do crime contra as três meninas de Southport era a de que ele seria solicitante de asilo. O homem, que tem 17 anos, na verdade nasceu no País de Gales, embora seus pais sejam de Ruanda, segundo a imprensa britânica.

O país africano esteve no centro do debate imigratório por causa de um plano apoiado pelo ex-premiê conservador Rishi Sunak, antecessor de Starmer, de mandar para lá imigrantes em situação irregular enquanto transcorresse a análise de seus pedidos de asilo.

O Parlamento aprovou a proposta em abril, mas ela acabou abandonada com a vitória do Partido Trabalhista de Starmer nas eleições de julho. O próprio premiê já havia dito que arquivaria o plano, alvo de contestação judicial dentro da Europa e de críticas internacionais.

O aumento do fluxo de imigrantes fez desse tema um dos principais da campanha eleitoral. De janeiro a maio, mais de 10 mil chegaram ao Reino Unido após cruzarem o Canal da Mancha, um número recorde.

De acordo com a agência de notícias Reuters, dados oficiais divulgados em julho mostraram que a imigração fez a população da Inglaterra e do País de Gales aumentar em 610 mil, alcançando 60,9 milhões em 2023, o maior crescimento anual em 75 anos.

Com AFP e Reuters

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