Nacionalismo hindu
Vitória esmagadora do BJP, partido de Narendra Modi, implica riscos
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A maior eleição do mundo consagrou um só homem. Na Índia, num pleito em que comparecerem mais de 600 milhões de pessoas, o atual premiê Narendra Modi tornou-se o primeiro líder em quase 50 anos a conquistar maioria no Parlamento pela segunda vez consecutiva.
Não que sua vitória fosse inesperada; a escala do triunfo, porém, surpreendeu. O BJP, partido de Modi, assegurou 303 dos 543 assentos em disputa, e a coalizão liderada pela sigla deve ultrapassar as 350 cadeiras —resultado ainda melhor do que a vitória avassaladora de 2014, quando obteve 336.
Se o primeiro-ministro foi o vencedor, o papel de maior derrotado coube a Rahul Gandhi (sem relação com Mahatma Gandhi), herdeiro da mais tradicional família de políticos do país e líder do partido Congresso Nacional Indiano.
A agremiação conquistou 52 cadeiras, número ligeiramente melhor que o de 2014, mas o segundo pior da história da sigla.
Em seu primeiro mandato, o carismático premiê indiano combinou medidas de intenção modernizadora, caso de um programa de simplificação tributária, com políticas sociais como a construção de milhões de banheiros.
Na economia, entretanto, os problemas se acumularam. A taxa de desemprego chegou a 6,1%, a mais alta em 45 anos. A renda dos que vivem no campo, quase 70% da população, vem caindo, assim como a produção industrial.
Premido por esse cenário, Modi se valeu das escaramuças com o Paquistão em março —iniciadas após o ataque de uma facção terrorista baseada naquele país matar 40 militares indianos— para insuflar o chauvinismo hindu e converter o pleito em uma discussão sobre segurança nacional.
Durante a campanha, seu partido abusou do sectarismo e da retórica virulenta contra a minoria muçulmana, grupo que compõe cerca de 15% da multiétnica população de 1,3 bilhão de pessoas.
O líder do BJP, Amit Shah, defendeu uma política contra imigrantes muçulmanos, e o programa da sigla prometia construir um templo hindu sobre as ruínas de uma mesquita destruída por extremistas.
O risco, assim, é que os nacionalistas vejam na esmagadora vitória nas urnas uma licença para estimular o divisionismo e promover a perseguição de minorias.
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