Remédio na conta
Vantagens da venda fracionada são maiores que os riscos apontados pela indústria
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Autorizada por decreto presidencial e resolução da Anvisa em 2006, a venda de remédios de forma fracionada visa permitir que os consumidores paguem apenas pelo número de doses receitadas pelo médico, de modo a terminar seu tratamento sem que haja sobras.
Treze anos depois, porém, brasileiros ainda são obrigados a comprar medicamentos em embalagens com quantidades determinadas pelos fabricantes.
O hábito forçado de manter restos de tais substâncias em casa deveria ser motivo de preocupação da sociedade —em particular, devido às intoxicações de crianças e adolescentes. Dados publicados pela Sociedade Brasileira de Pediatria em 2018 apontaram uma média diária de 37 casos do tipo.
Comprimidos na gaveta também são um incentivo à automedicação, com os riscos de efeitos adversos e produtos vencidos ou armazenados de forma inadequada.
Quem descarta os remédios fora do prazo de validade ainda tem o trabalho de buscar locais adequados. Jogados no lixo ou no vaso sanitário, os artigos podem contaminar o ambiente e a água.
Mas o principal benefício da venda fracionada é mesmo a proteção aos consumidores, muitos dos quais destinam boa parte de sua renda aos gastos com saúde.
A indústria farmacêutica e as drogarias se opõem à medida —que certamente reduziria vendas. Alegam perigos como os de subdosagem (quando o paciente, sem recursos, compra menos que o necessário para seu tratamento) e de menores rastreabilidade e segurança os produtos.
Problemas existem, mas são contornáveis. A aplicação errada —que independe do fracionamento, aliás— deve ser mitigada com orientação por parte dos médicos e farmacêuticos. Existem ainda recursos tecnológicos como mensagens no celular que lembram o paciente da medicação, modelo usado por alguns laboratórios.
Já a segurança e rastreabilidade podem ser garantidas com a exigência de procedimentos rigorosos na manipulação e embalagem, como de resto acontece em todos os países onde há venda fracionada.
Os argumentos contrários parecem pálidos, portanto, diante da economia potencial para os consumidores e da perspectiva de fim dos transtornos causados por milhões de pílulas guardadas em residências de todo o país.
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