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Déficit em transações com exterior preocupa, mas não é necessariamente ruim

Contêineres no porto de Santos (SP) - Eduardo Knapp - 16.abr.19/Folhapress

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O recente aumento do déficit nas transações de bens e serviços com o exterior voltou a chamar a atenção para os riscos associados às contas externas brasileiras.

Antes de estar consolidada uma retomada mais sólida do crescimento econômico e com o Produto Interno Bruto quase 5% abaixo do nível observado no início de 2014, é digno de nota que o país tenha acumulado um rombo de US$ 37,4 bilhões (2,1% do PIB) nos 12 meses encerrados em setembro. 

Embora tal cifra ainda não configure motivo de alarme, a trajetória preocupa —ante 2018, o déficit cresceu 70%. Conforme a economia se recupere, as importações deverão aumentar, e o saldo negativo pode voltar à casa dos 4% do PIB, patamar que no passado esteve associado a tensões cambiais.

Parte da deterioração, deve-se apontar, decorre de revisões nas estatísticas. Os dados revelaram maiores despesas com pagamentos de juros, lucros e dividendos.

A piora das contas, de todo modo, é real. De janeiro a outubro deste ano, o saldo da balança comercial ficou em US$ 34,8 bilhões, 26,7% a menos que o registrado no mesmo período de 2018. Menores exportações para a Argentina e queda de preços de algumas matérias primas explicam o fenômeno. 

A tendência merece atenção. Na prática, o país tem vendido menos, e a mudança nos critérios de contabilidade mostra que pagamos mais juros e dividendos para estrangeiros do que se acreditava. 

Déficits elevados e persistentes, embora não sejam um mal em si e possam estar associados a bons usos internos, como investimentos, não raro causam problemas —como bolhas de consumo e acúmulo de dívida externa. 

Desta vez, o país parece em condições melhores para não desperdiçar o capital externo que chega como contrapartida ao rombo nas transações de bens e serviços.

O real não está valorizado. Pelo contrário, a cotação do dólar tem batido recordes nominais, em boa parte devido aos conflitos comerciais entre EUA e China. Assim, cai o risco de importações excessivas de bens de consumo.

Estão em curso, além disso, ajustes internos importantes, no sentido de reequilibrar o Orçamento público e abrir espaço para o setor privado, com juros baixos e expectativa de investimentos, incluindo na infraestrutura. Se associado a uma transformação da economia, o aumento do déficit externo não será necessariamente ruim.

gustavo.patu@grupofolha.com.br

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