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Como aponta o Copom, populismo nos combustíveis ameaça elevar inflação e juros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Andre Coelho - 8.jan.20/Folhapress

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Em sua linguagem peculiar, formulada em impessoalidade tecnocrática, o Banco Central alertou nesta terça (8) para os riscos de deterioração econômica ainda maior com o avanço de propostas eleitoreiras destinadas a derrubar a tributação sobre os combustíveis.

"Mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva", diz a ata da reunião realizada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Em termos mais mundanos, afirma-se ali que a ofensiva tresloucada do Planalto e do Congresso pela desoneração pode até reduzir de imediato os preços da gasolina, do diesel e de outros derivados; entretanto a perda brutal de arrecadação elevará o déficit do governo, o descrédito na gestão da economia e, cedo ou tarde, a inflação.

Se tais consequências podem parecer um tanto abstratas, recorde-se que as sucessivas demonstrações de incúria orçamentária de Jair Bolsonaro já alimentaram nos últimos dois anos a escalada das cotações do dólar —que agravou o encarecimento de combustíveis e demais produtos precificados internacionalmente.

O IPCA chegou aos dois dígitos em 2021, e o mesmo se deu agora com a taxa de juros do BC, fixada em 10,75% ao ano. A ata do Copom reforça que novas altas serão necessárias, com impactos funestos para o consumo, o investimento privado e a geração de empregos.

Com a reeleição sob ameaça, o presidente comete a proeza de sabotar o crescimento da economia, já prejudicado neste início de ano pelos sobressaltos provocados pela variante ômicron do novo coronavírus —como se viu, por exemplo, na queda dramática da produção de veículos em janeiro.

Entretanto a marcha insensata da desoneração dos combustíveis prossegue, mal levando em conta as débeis objeções do Ministério da Economia, em particular à proposta de emenda constitucional em tramitação no Senado.

Enquanto a pasta faz saber que considera a PEC suicida, o texto acaba de ganhar a assinatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), provável coordenador da campanha do pai.

Danos orçamentários de tal quilate são de reversão difícil e dolorosa, como o país já deveria ter aprendido após oito anos de idas e vindas na agenda reformista, na inflação e nas esperanças de retomada econômica. O governo atual conseguiu tornar mais complexa a superação desse ciclo.

editoriais@grupofolha.com.br

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