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Fragmentação política e presidente despreparado mantêm Peru em crise permanente

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O presidente do Peru, Pedro Castillo - Prensa Presidencia - 6.out.21/Xinhua

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A instabilidade política no Peru vem atingindo patamares espantosos até para um país que, desde 2016, colecionou cinco chefes de Estado e três Congressos diferentes.

Os acontecimentos recentes indicam que o presidente Pedro Castillo, empossado em julho do ano passado, não apenas tem se mostrado incapaz de frear a decomposição institucional —resultante da fragmentação das forças partidárias— como sua atuação canhestra e errática agrava o processo.

Nesta semana, o Parlamento concedeu o voto de confiança ao quarto gabinete ministerial formado pelo mandatário em somente sete meses de governo. Ao todo, já são 30 as trocas ministeriais promovidas por Castillo.

No Peru o primeiro escalão do Poder Executivo, após ser nomeado pelo presidente, ainda precisa ser confirmado pelo Congresso. A aprovação se deu com 64 votos a favor, 58 contra e 2 abstenções; como nas vezes anteriores, foi marcada por longo e tenso debate.

Chefiado por Aníbal Torres, que ocupava a pasta da Justiça, o novo gabinete foi formado poucos dias após o terceiro, encabeçado por Héctor Valer, ter sido anunciado.

Valer se viu envolto em denúncias de violência doméstica logo depois da nomeação. Diante da forte rejeição suscitada pelo seu nome e dos sinais de que o Congresso não iria confirmá-lo, o presidente peruano optou por demiti-lo.

Com a popularidade declinante, hoje abaixo de 30%, Castillo buscou então restabelecer as relações com o líder do Perú Libre, partido de extrema esquerda pelo qual se elegeu, mas com o qual mantém uma relação conturbada.

O acerto mais recente trouxe figuras no mínimo controversas ao novo gabinete —como um ministro da Saúde promotor de pseudociência e um da Justiça acossado por 70 denúncias de negligência quando atuava como procurador.

Como se não bastasse, o Congresso, dominado por partidos à direita, vem manobrando desde o ano passado para remover o presidente. Após escapar em dezembro de uma moção de vacância que poderia redundar na sua destituição, Castillo vê-se às voltas com uma nova ofensiva da oposição, que o acusa de 20 infrações constitucionais e supostos atos de corrupção.

Nesse contexto de crise permanente, a paralisia administrativa torna-se regra —e a busca imediata por sobrevivência política termina se impondo ao próprio imperativo de governar o país.

editoriais@grupofolha.com.br

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