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Haddad genérico

Falando em nome de Lula, candidato a ministro mantém incerteza sobre a economia

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Fernando Haddad, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) - Mathilde Missioneiro/Folhapress

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Apontado como opção para a Fazenda, o petista Fernando Haddad falou em nome do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em evento da Febraban, a federação dos bancos. O discurso foi centrado na capacidade de diálogo de Lula, mas esteve longe de esclarecer as diretrizes da política econômica do próximo governo.

Não se exigiria que Haddad, ainda sem cargo definido, fosse antecipar detalhes de planos —provavelmente ainda inexistentes— para controlar gastos e evitar uma escalada da dívida pública, o problema central a ser enfrentado logo no início do mandato.

Pode-se também apontar que o ex-prefeito de São Paulo discorreu com propriedade sobre a reforma tributária, apresentada como prioridade imediata. Deve-se primeiro simplificar a cobrança de impostos sobre bens e serviços, com uma reformulação dos tributos sobre renda e patrimônio em um segundo momento, o que faz sentido.

Entretanto o candidato a ministro não obteve sucesso no que era mais importante. Afora menções genéricas à necessidade de melhorar a qualidade do gasto público, foi desperdiçada uma oportunidade para reverter os danos provocados pelo menoscabo em relação à responsabilidade fiscal demonstrado até aqui por Lula.

Se não houve novidade clara nessa seara, é porque não há nada de diferente que o presidente queira dizer —pode-se concluir.

Tal omissão exacerba as incertezas e, pior, o temor de que o novo governo vá optar por um rumo arriscado, de maiores gastos públicos sem contrapartidas, o que elevará a inflação e os juros. O alerta já foi reforçado pelo presidente do Banco Central, que manterá o posto, com autonomia, até 2024.

Haddad associou a piora da qualidade do gasto público ao teto para a despesa total inscrito na Constituição em 2016 —o que pode ser interpretado com má vontade ante o mecanismo de controle da dívida.

É fato que, sob o teto, o governo fica forçado a cortar investimentos e serviços importantes para compensar a alta de pagamentos obrigatórios, como salários e aposentadorias. Entretanto esse é um argumento para que se promovam reformas no Orçamento e no Estado, não para que se abandonem limites para os dispêndios.

Sem um plano crível para a contenção da dívida, o mercado credor exigirá juros maiores para continuar emprestando ao governo. O resultado será retração da atividade econômica e desemprego.

O ciclo econômico se mostra favorável, com forte criação de vagas no mercado de trabalho e retomada da renda. Seria um erro crasso interromper essa trajetória.

editoriais@grupofolha.com

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