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Eleições sangrentas

Sob o rastro da violência, México deve eleger primeira mulher como presidente

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Claudia Sheinbaum, candidata a presidente do México pelo partido Morena - Ulisses Ruiz/AFP

As eleições no México serão decididas em 2 de junho sob o signo da violência e da interferência dos cartéis do crime organizado.

Chegou-se a considerar a postergação do pleito diante dos assassinatos de 25 candidatos e de 26 pessoas ligadas a campanhas entre setembro de 2023 e abril deste ano, segundo dados da ONG mexicana Laboratório Eleitoral. A data acabou mantida, entretanto nada garante que o Estado de Direito mexicano sairá fortalecido.

A barbárie já supera a das eleições de 2018, quando o populista de esquerda Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, chegou ao poder sob o bordão do combate aos cartéis.

Há a perspectiva de que uma mulher chegue à chefia do Executivo —ao qual cabe a política nacional de segurança pública— pela primeira vez na história do país.

Claudia Sheinbaum —ex-prefeita da Cidade do México pelo partido Morena, de seu mentor AMLO— promete dar continuidade a um governo que descumpriu sua promessa de reduzir a criminalidade, moveu militares do combate aos cartéis a cargos civis e enfraqueceu controles do sistema eleitoral.

Ao surfar na popularidade do atual presidente e no uso da máquina federal, a candidata mantém vantagem de 20 a 25 pontos nas últimas pesquisas sobre a oposicionista Xóchitl Gálvez, que pretende em seu discurso demolir os atos de AMLO, sobretudo os que debilitaram a democracia, e não dar trégua ao crime organizado.

No entanto Gálvez representa uma inusitada coalizão entre o Partido Revolucionário Institucional, que escancarou a corrupção nos seus 71 anos de domínio político do país, e seu antigo oponente Partido Ação Nacional.

Sabe-se que nenhuma das candidatas governará com maioria confortável no Congresso para impor sua agenda de segurança.

E poucos duvidarão de que o crime organizado se move, com violência ou malícia, por seus interesses nestas eleições mexicanas. Para os cartéis, tanto melhor uma gestão incapaz de combatê-los e uma democracia mais debilitada.

editoriais@grupofolha.com.br

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