Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa Banco Central

Inflação perigosa

IPCA dá margem à preocupação e evidencia que alta de gastos públicos é temerária

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Consumidora escolhe produtos no Mercado Municipal de Santo Amaro, em São Paulo (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Com o IPCA de 5,79% divulgado nesta terça (10), o Brasil fechou 2022 com alta dos preços ao consumidor abaixo da registrada na maioria dos países desenvolvidos, o que configura evento raríssimo.
Isso ocorreu porque a onda inflacionária global impulsionada pela reação à pandemia e, depois, pela guerra na Ucrânia chegou aqui antes —marcaram-se 10,06% em 2021— e foi devidamente combatida pelos juros do Banco Central.

O cenário, no entanto, ainda suscita preocupação e exige cuidados.

A melhora do ano passado também teve ajuda importante da intervenção eleitoreira do governo Jair Bolsonaro (PL) nos tributos incidentes sobre os combustíveis, que criou um problema a ser enfrentado pelo novo governo.

Com temor de desgaste político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou a desoneração em caráter temporário, o que foi um erro de política econômica. Escolheu-se favorecer estratos mais abonados da população, em vez de reduzir o enorme déficit no Orçamento —que, cedo ou tarde, também alimentará a inflação.

O IPCA de dezembro, de 0,62%, ficou acima do ponto médio das expectativas de analistas de mercado. A variação dos preços dos serviços, por natureza mais resistente à política monetária, ainda acumulou elevados 7,58% no ano.

A persistência inflacionária decorre do vigor da economia, que teve retomada surpreendente em 2022. Mesmo com a desaceleração atual, a diminuição da taxa de desemprego mostra-se expressiva.

Nos cálculos do IBGE, a redução da ociosidade no mercado de trabalho propiciou aumento da massa de rendimentos de 11,5% no trimestre encerrado em outubro, ante o período correspondente de 2021.

Em tal situação, é uma temeridade promover a elevação dos gastos orçamentários e do déficit público, como decidiu Lula. Os dispêndios terão impacto nos preços e manterão os juros nas alturas, sabotando a recuperação da atividade.

O ano que passou foi desastroso para países que, por covardia política ou crenças econômicas exóticas, não endureceram as ações nas áreas fiscal e monetária para o enfrentamento da inflação. Na Turquia, a alta dos preços ultrapassou os 80% em 12 meses; na Argentina, a taxa se aproxima dos 100%.

No Brasil, a atuação autônoma do Banco Central evitou o pior, mas o IPCA acima das metas por dois anos consecutivos não deixou de ter impacto doloroso sobre o bem-estar da população, sobretudo nas faixas de renda mais baixas.

Inflação elevada significa mais pobreza e desigualdade social. Juros altos significam menos emprego e consumo. Esses são os motivos fundamentais a recomendar prudência na gestão do Orçamento.

editoriais@grupofolha.com

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas