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Trump e a lei

Indiciamento do ex-presidente mostra vigor democrático, mas pode fortalecê-lo

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Donald Trump entra no tribunal de Justiça de Nova York para ser indiciado - Ed Jones/AFP

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A terça-feira (4) entrou para a história dos Estados Unidos como o dia em que um ex-presidente, o farsesco Donald Trump, pela primeira vez foi indiciado —em nada menos do que 34 acusações criminais.

Que isso só tenha acontecido dois séculos e meio após o estabelecimento da república diz muito acerca do sistema político americano. França, Coreia do Sul e Brasil estão entre as democracias em que ex-líderes não tiveram tanta sorte.

Assim, a presença de Trump em um tribunal alude à virtude do regime democrático, mas também é um lembrete acerca do que ocorre quando ele se degenera.

Do lado positivo, há o que a promotoria chamou de prova, ainda que tardia, de que a lei é para todos. O caso mostra que às vezes se cai por transgressões menores, como ocorreu nos anos 1930 com o gângster Al Capone, que foi preso por sonegação de impostos.

Todas as 34 acusações estão relacionadas a falsificações de documentos referentes a pagamentos realizados com verba de campanha não declarada.

O dinheiro teria sido usado para esconder informações potencialmente prejudiciais durante as eleições —como o pagamento de US$ 130 mil a uma atriz pornô para que ela não revelasse um suposto caso extraconjugal com Trump.

O ex-presidente americano chegou ao poder a partir de uma avalanche de mentiras e da distorção do conservadorismo do Partido Republicano, produzindo efeitos globais —como o populismo reacionário de Jair Bolsonaro (PL).

Se Bolsonaro sempre emulou seu ídolo, e suas trajetórias se entrelaçam em desempenho eleitoral, incapacidade gerencial, golpismo, risco de punição e tentativa de volta por cima, é importante que o Brasil acompanhe com atenção os desdobramentos do caso nos EUA.

A ida de Trump ao tribunal se tornou um circo vulgar, amplificado por seu paranoico discurso após o indiciamento, com acusações de perseguição contra a promotoria. Assim, tende a se energizar ao assumir a posição de mártir político, e talvez consolide sua postulação à Casa Branca em 2024.

O conservadorismo que o apoiou busca viabilizar o governador da Flórida, Ron DeSantis, mas parece que o sequestro republicano pelo trumpismo é definitivo.

As acusações não devem favorecê-lo junto aos decisivos eleitores pendulares, mas é cedo para dizer. Mesmo uma eventual condenação judicial, convém recordar, não tornará Trump inelegível —ameaça que ronda Bolsonaro aqui.

editoriais@grupofolha.com.br

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