Descrição de chapéu Folhajus

Trump responde a 34 acusações que podem levar a 136 anos de prisão

Republicano é investigado por falsificação de documentos e se torna 1º ex-presidente dos EUA réu

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Primeiro ex-presidente dos EUA a virar réu, Donald Trump, 76, responderá a 34 acusações criminais em três casos de suspeita de falsificação de documentos, incluindo na suposta compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels. Os pagamentos teriam sido realizados com verbas não declaradas de campanha.

As acusações somam, no máximo, pena de 136 anos de prisão nas leis de Nova York, segundo a agência de notícias Reuters. O ex-presidente se declara inocente e diz ser alvo de uma "caça às bruxas".

Trump acena antes de entrar no prédio do tribunal de Justiça de Nova York; ele é acusado de comprar o silêncio da estrela pornô Stormy Daniels nos últimos dias da eleição de 2016
Trump acena antes de entrar no prédio do tribunal de Justiça de Nova York; ele é acusado de comprar o silêncio da estrela pornô Stormy Daniels nos últimos dias da eleição de 2016 - Eduardo Munoz - 4.abr.23/Reuters

Todas as acusações estão relacionadas à falsificação de registros comerciais. O delito normalmente tem pena de até um ano de prisão, mas os promotores podem aumentar para até quatro anos caso fique comprovado que as irregularidades foram cometidas para ocultar outro crime.

Somadas, as acusações podem levar o republicano a décadas atrás das grades.

Mas é improvável que alguém sem antecedentes criminais —caso de Trump— seja condenado a uma pena extensa, segundo o professor de direito público da USP Floriano de Azevedo Marques Neto, que está em Nova York. Por outro lado, crimes de fraude contábil ou obstrução da Justiça não devem ficar impunes.

"Trump é réu primário, e os crimes dos quais é acusado não envolvem violência. Em resumo, é improvável que Trump saia ileso ou que passe vários anos na cadeia", diz Neto.

O caso mais notório envolve Daniels. A Promotoria argumenta que a atriz pornô recebeu US$ 130 mil (R$ 659 mil) de advogados do então candidato para não revelar um suposto caso extraconjugal com ele, algo que poderia prejudicá-lo na corrida pela Presidência em 2016.

Além do caso da atriz de filmes adultos, Trump também é acusado de ter feito um pagamento de US$ 30 mil (R$ 152,2 mil) pelo silêncio de um porteiro da Trump Tower que dizia ter informações sobre um suposto filho ilegítimo do republicano —o funcionário não teve a identidade revelada.

Outra acusação aponta o pagamento de propina à ex-modelo da Playboy Karen McDougal, suposta ex-amante de Trump que teria pedido US$ 150 mil (R$ 761,3 mil) para não tornar a relação pública.

Os pagamentos em si não são ilegais, mas os valores foram declarados como "despesas jurídicas", o que indica tentativa de maquiar gastos de campanha, algo que pode ser considerado uma prática criminosa.

"Trump falsificou repetida e fraudulentamente registros contábeis de Nova York para ocultar conduta criminosa que escondia dos eleitores informações prejudiciais durante a eleição presidencial de 2016 ", disse o promotor Alvin Bragg em comunicado.

Além de ouvir as 34 acusações, Trump teve suas impressões digitais colhidas e forneceu dados pessoais à Justiça americana. Mas, por ser ex-presidente, não foram feitas fotos, e o republicano não foi algemado. Como não envolve um caso com violência, ele não ficou preso e foi liberado na sequência.

Mesmo condenado, Trump não seria impedido de concorrer à Casa Branca. Os EUA não têm uma lei equivalente à Ficha Limpa, por exemplo, que impede no Brasil a candidatura de pessoas condenadas por um órgão colegiado, que tiveram o mandato cassado ou renunciaram para evitar a cassação.

A única maneira de tirá-lo da corrida seria caso ele seja condenado por insurreição nas investigações sobre o ataque ao Capitólio. A 14ª Emenda da Constituição proíbe de ocupar cargos civis ou militares em governos federal ou estadual quem "tiver se envolvido em uma insurreição ou rebelião" contra o governo.

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.