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Cerrado sob pressão

Foco brasileiro e internacional no desmate deve englobar mais do que a Amazônia

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Área desmatada em Nova Xavantina (MT), nos limites entre Amazônia e cerrado - Amanda Perobelli - 26.jan.23/Reuters

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A queda de 38% no desmatamento da Amazônia de janeiro a abril merece festejo. Mas há que tomar com grãos de sal a flutuação em tais cifras, que implica diversos fatores e consequências.

De pronto, ressalta a ameaça crescente sobre o cerrado. Nessa que é a savana mais biodiversa do mundo, a perda teve alta de 17% e está 48% acima da média histórica para os quatro primeiros meses do ano.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontou no período perda de 1.132 km² no bioma amazônico, ante 2.206 km² no cerrado. Quase o dobro, em termos absolutos, e proporcionalmente o quádruplo —o domínio savânico tem metade da área da floresta chuvosa a oeste e norte.

Mesmo a boa-nova vinda da Amazônia pede cautela. Considerando o cômputo oficial do corte raso pelo Inpe, que começa em agosto, a mata tropical acumula quase 6 mil km² de destruição, a maior área desde 2015 —indicando que o último semestre sob Jair Bolsonaro (PL) foi, aí também, devastador.

A Amazônia tem a atenção internacional e doméstica devida. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reativou a proteção de terras indígenas, e Marina Silva retomou o bem-sucedido plano de combate ao desmatamento de sua gestão anterior no Meio Ambiente.

Passa da hora, entretanto, de ampliar o foco sobre o cerrado. Por lei, proprietários podem derrubar ali de 65% a 80% de mata; na Amazônia, 20%. A savana conta só 7% da área protegida em unidades de conservação (UCs), contra quase metade da floresta do norte.

O cerrado tem 25 mil km² de terras públicas não destinadas e boa parte dos 300 mil km² do Brasil com pastos subutilizados. As primeiras, hoje alvo de grilagem, deveriam ter prioridade para as UCs, e as pastagens, para expansão agrícola.

A região abriga mananciais de água decisivos para abastecimento energético, agrícola e urbano. Mas 9 entre 10 de suas bacias tiveram vazões reduzidas desde 1985, resultado da combinação de perda de vegetação e mudança do clima.

Há dúvidas sobre a vontade do poder público de priorizar o cerrado. Na Casa Civil, Lula instalou Rui Costa, ex-governador da Bahia, estado que concentrou em seu governo perdas no bioma; já o Congresso acoita na bancada ruralista obstáculo a medidas ambientais.

Ajudaria se a União Europeia incluísse a savana brasileira na restrição, anunciada em abril, a commodities ligadas ao desmatamento.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

Por erro da Redação, a primeira versão deste editorial dava a entender que o cerrado tem 300 mil km². O texto foi corrigido.

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