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Amazônia seca

Custo social da estiagem no bioma deveria conferir urgência à pauta climática

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Boto vermelho morto no lago Tefé, no Amazonas - André Zumak/Instituto Mamirauá - Instituto Mamirauá

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Será difícil afastar da memória cenas dantescas de uma centena de botos mortos em lago de Tefé (AM), no médio Solimões. Uma das piores estiagens já presenciadas castiga a Amazônia desde setembro e, apesar de previsível, pouco se pôde fazer para prevenir seu impacto.

A falta aguda de chuvas em período que já é mais seco na região se relaciona com fenômeno climático de escala planetária: o aquecimento anormal de águas do oceano Pacífico, conhecido como El Niño.

Julho, agosto e setembro tiveram as temperaturas mais altas já aferidas pelo homem, e assim deve ser o ano de 2023 —El Niño também é responsável por isso. No Brasil, o evento ocasiona menos precipitação nas regiões Norte e Nordeste e elevação no Sul.

Aumento do calor e chuvas escassas estão dizimando lavouras e tornando os rios amazônicos intransitáveis. Isso num quadrante do território em que transporte fluvial é quase sempre o principal meio de abastecimento.

O governo federal estima que precisará assistir meio milhão de pessoas por lá, com mais de 50 municípios em situação de emergência. A hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, quarta maior usina do país, teve de interromper a geração de eletricidade devido à vazão insuficiente.

Apenas uma medida de socorro, a dragagem de cursos d’água, deverá consumir R$ 138 milhões em recursos federais. Somem-se a isso gastos com saúde, cestas básicas e combate a queimadas intencionais e incêndios florestais que já enchem as cidades de fumaça.

O dano social e o impacto financeiro da seca são imensos. Imagine-se então quanto custaria a concretização da ameaça de colapso irreversível do bioma previsto por cientistas —alguns deles desconfiam que já possa estar em curso.

Governantes só podem remediar a calamidade, sem dúvida agravada pelo aquecimento global, porque procrastinaram o enfrentamento das mudanças climáticas.

Já se realizaram 27 reuniões anuais da convenção das Nações Unidas sobre o clima, desde o longínquo 1992, sem que o mundo tenha avançado no corte de emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, o reconhecimento da gravidade do assunto ainda patina.

A derrubada da floresta para pecuária e plantio constitui a maior fonte de poluição climática por aqui. Conter esse avanço é a maior contribuição que o Brasil pode dar para mitigar a crise do clima.

editoriais@grupofolha.com.br

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