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Mudança na educação de SP é bem-vinda; há desafios no ensino integral e técnico
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Dados de 2021 do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) mostram que 96% dos concluintes do ensino médio na rede pública não conseguiam resolver uma equação de primeiro grau, e 76% não eram capazes de interpretar um texto literário. São índices preocupantes para o estado mais rico do país.
Fazem sentido, nesse contexto, mudanças no ensino anunciadas pelo governo paulista —entre elas, a ampliação da carga horária de matemática e língua portuguesa.
Considerando os três anos do ensino médio, o número de aulas semanais de matemática passará de 10 para 17 (mais 70%), e de língua portuguesa, de 10 para 16 (60%).
Haverá pequena queda na carga horária de artes, filosofia e sociologia, de 4 para 2. Contudo, para os alunos que têm interesse em artes e filosofia, essas disciplinas constam dos itinerários formativos, que também foram alterados.
Atualmente há 11 itinerários, mas em 2024 serão apenas dois —Exatas/Ciências da Natureza e Linguagens/Ciências Humanas.
A redução se ajusta às demandas que levaram ao projeto de lei que altera a reforma do novo ensino médio, enviado pelo governo federal ao Congresso em outubro. Com infraestrutura precária e falta de professores com formação especializada, as redes não conseguiram implantar uma expansão curricular ampla e de qualidade.
Outro ponto fundamental da reformulação paulista é a inclusão de duas aulas semanais de recuperação do 6º ao 9º ano —nas escolas em tempo integral, serão quatro aulas nos 6º e 7º e duas nos 8º e 9º.
A pandemia causou impactos severos na educação brasileira. No ano anterior à Covid, 20% das crianças de 7 anos eram analfabetas; em 2022, o índice saltou para 40%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). Aulas de reforço são urgentes para minimizar essa defasagem.
Mas ainda há aspectos que merecem atenção em São Paulo. É preciso ampliar o ensino de tempo integral —45% das escolas do estado seguem esse modelo, mas apenas 17% dos alunos estudam nelas. Os mais vulneráveis, que precisam trabalhar, acabam empurrados para o ensino parcial ou para evasão escolar, pois não conseguem cumprir uma carga horária extensa.
Por fim, é necessário ampliar a formação daqueles que não pretendem seguir carreira acadêmica. De cerca de 1,5 milhão de alunos no ensino médio paulista, somente 100 mil estão no ensino técnico, o que representa 7% —na OCDE, que reúne países mais desenvolvidos, a taxa média é de 44%.
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