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A improvável equação de Macron

Nomeação de conservador como primeiro-ministro queima pontes com a esquerda e não garante a contenção da ultradireita

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Emmanuel Macron, presidente da França, e Michel Barnier, premiê francês - Ludovic Marin/AFP

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As mais recentes decisões do presidente da França, Emmanuel Macron, sinalizam um esforço para conter a ascensão da ultradireita, frear a polarização e preservar sua governabilidade. Espanta, de todo modo, a sucessão de reviravoltas promovidas por seu gabinete.

A recente indicação do conservador Michel Barnier como primeiro-ministro segue um cálculo intrincado para formar um governo de coabitação com a oposição. A medida provocou ebulição nas três coalizões que dominam a Assembleia Nacional —nenhuma delas majoritária nem afeita ao diálogo.

Por suas primeiras declarações, está clara a rejeição de Barnier a qualquer composição com a Reunião Nacional, força de extrema-direita de Marine Le Pen.

É improvável, ainda, que atraia simpatia da Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda —que inclui radicais e moderados e detém a maior bancada no Parlamento— comandada por Jean-Luc Mélenchon, deputado de opiniões controversas e adepto de um ideário estatista obsoleto.

Macron queimou as pontes com a NFP ao descumprir a tradição de designar, como chefe de um governo de coabitação, um expoente do bloco mais bem votado pelos franceses.

Preferiu um hábil negociador de centro-direita cujo partido, o Republicanos, saiu em quarto lugar nas eleições. Montar um gabinete capaz de amalgamar as forças de centro a moderados dos dois espectros políticos não será nada fácil. Mesmo que seja consolidado, sua longevidade dependerá de concessões aos extremos.

O primeiro-ministro já sinalizou sua intenção de flexibilizar a reforma da Previdência, insensatamente criticada pela esquerda, que levou milhões de franceses às ruas em 2023. Em contrapartida, também manifestou-se a favor de controles sobre a imigração, demanda cara à direita.

Mas há dúvidas sobre a capacidade de interlocução de Barnier com Macron. Em seu primeiro discurso, prometeu um governo de "ruptura" e de "mais ação do que conversa" —o presidente certamente não teria aceitado tais termos quando surfava em popularidade e apoio parlamentar.

Fato é que Macron embarcou em escolhas arriscadas, como a antecipação das eleições para a Assembleia Nacional, ao constatar o avanço da ultradireita francesa no Parlamento Europeu.

Não há manual para combater extremismos que ameaçam uma das mais sólidas democracias do mundo. Guinadas do governo tensionam o Legislativo e trazem mais incertezas para as eleições presidenciais de 2027.

editoriais@grupofolha.com.br

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