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O que a Folha pensa

Empate triplo dura pouco na disputa paulistana

Nunes e Boulos se isolam na liderança; Marçal vê sua rejeição disparar, enquanto prefeito amplia vantagem no 2º turno

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Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos à Prefeitura de São Paulo - Bruno Santos e Pedro Ladeira/Folhapress

Durou pouco o empate triplo na dianteira da corrida pela Prefeitura de São Paulo. Três semanas depois de detectado pelo Datafolha, o enrosco entre Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) se desfez.

A pesquisa do instituto divulgada nesta quinta-feira (12) mostra o atual prefeito na liderança numérica da disputa, com 27% das intenções de voto, mas em situação de empate técnico com o deputado federal do PSOL, que alcançou 25%. O influenciador ficou um pouco para trás, com 19%.

A pior notícia para o autointitulado ex-coach talvez nem seja essa, contudo, e sim o crescimento acentuado de sua rejeição. Em pouco mais de um mês, a fatia dos eleitores que dizem não votar em Marçal de jeito nenhum passou de 30% para 44%. É um patamar que dificulta sobremaneira a vida de quem pretende vencer uma eleição majoritária.

Pelo menos dois fatores contribuem para esse cenário. Um deles é a artilharia de seus adversários, que partiram para o ataque tão logo a ascensão de Marçal se concretizou nas pesquisas.

Nunes, em particular, com dois terços do horário eleitoral gratuito, não economizou nas tentativas de descredenciar o rival, com quem faz competição direta pelos votos dos bolsonaristas. A lógica política mais convencional parece pesar contra um candidato sem tempo de rádio e TV nem estrutura partidária.

O segundo fator é o próprio candidato Marçal. Sua falta de limites para a torpeza e o descompromisso com o debate de ideias até podem render engajamento nas redes sociais, mas, ao que tudo indica, provocam repulsa em eleitores de fora de seu nicho.

Não surpreende que, nas hipóteses de segundo turno do Datafolha, o influenciador perderia tanto para Nunes quanto para Boulos se a eleição fosse hoje.

Nesse ponto, o prefeito não tem do que reclamar: também derrotaria o deputado do PSOL com vantagem em alta. Assim, Nunes aumenta seu cacife na parcela dos paulistanos disposta a apoiar o candidato com mais condições de derrotar a esquerda.

Boulos, por sua vez, cabeça de uma chapa composta também pelo PT, espera atingir o percentual que, historicamente, tem dado ao partido de Lula pelo menos o segundo lugar na capital paulista. Seria o suficiente para levá-lo ao segundo turno, mas, de acordo com a fotografia atual da disputa, não para conseguir a vitória.

Se quiser ter uma chance, precisará angariar votos entre os simpatizantes dos demais candidatos, que permanecem estagnados em um pelotão distante dos três líderes. Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB), que tinham pretensões mais elevadas, oscilaram 1 ponto para baixo, com 8% e 6%, respectivamente.

Como as próprias pesquisas do instituto Datafolha sugerem, entretanto, a corrida eleitoral está longe de resolvida —sobretudo por se tratar de uma cidade que conhece muito bem as reviravoltas de última hora.

editoriais@grupofolha.com.br

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