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Após eleição, Novo e PSL têm onda de filiados, enquanto PT e PSDB vivem estagnação

Cenário político aponta apara avanço de legendas de perfil ideológico mais à direita

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João Pedro Pitombo Henrique Curi
Salvador e São Paulo

O novo cenário político do Brasil cristalizado após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aponta para um avanço do número de filiados a partidos de perfil ideológico mais à direita.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) levantados pela Folha apontam que, proporcionalmente, Novo, PSL e PRB foram os partidos que mais cresceram em número de filiados entre janeiro e abril deste ano.

Apoiador distribui panfletos do PT em Curitiba, em 2018; partido teve estagnação no número de filiados desde a eleição - Theo Marques - 27.out.2018/FramePhoto/Folhapress

Já legendas maiores e mais antigas, como MDB, PSDB e PT, tiveram estagnação.

O PSL de Bolsonaro, em números absolutos, foi quem mais cresceu: em quatro meses, a sigla ganhou 31 mil novos filiados, um aumento de 13%.

“A procura tem sido grande. Acredito que se deva ao fato de sermos um partido eminentemente liberal e também à imagem austera do nosso presidente [da República, Jair Bolsonaro] na condução do país”, afirma Luciano Bivar, presidente nacional do PSL.

Ele estima que o partido deva ganhar cerca de 100 mil novos filiados até outubro deste ano e chegar forte nas eleições municipais de 2020.

Proporcionalmente, o partido com maior crescimento foi o Novo, que registrou um avanço de 29%, saindo de 26,2 mil para 33,9 mil filiados. Criada em 2015, a legenda elegeu no ano passado oito deputados federais e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema

Presidente nacional do Novo, o empresário João Amoêdo afirma que a eleição foi uma vitrine para que o partido difundisse suas ideias. E destaca que o nível de engajamento dos novos filiados, que contribuem financeiramente para a manutenção da legenda –o Novo não usa recursos do fundo partidário.

“Queremos montar uma estrutura que seja sustentável, com filiados que participem, contribuam e fiscalizem o partido”, afirma Amoêdo. A legenda decidiu que só vai autorizar candidaturas em 2020 nas cidades em que tiver pelo menos 150 eleitores filiados.

Também de perfil mais à direita e ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o PRB foi o segundo partido que mais cresceu em números absolutos desde janeiro.

O avanço, contudo, não foi linear. Dos 17 mil novos filiados, 12 mil são do estado do Amazonas. João Carlos Mello, presidente do PRB-AM, diz que promoveu campanhas de filiação partidária para dar mais musculatura à legenda.

Professor do departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, Bruno Speck afirma que as novas filiações a partidos como PSL e Novo podem estar ligadas ao fortalecimento de uma nova direita no país.

“Esses partidos que cresceram agora formam uma direita mais ideológica. É um fenômeno novo que ainda precisa ser estudado”, afirma o professor.

Grandes partidos como MDB, PT e PSDB seguem como os maiores partidos em número de filiados. Tiveram mais filiações que desfiliações desde janeiro, mas vivem um cenário de estagnação.

Desde janeiro, o PSDB cresceu 0,6%, o PT avançou 0,6% e o MDB 0,1% em número de filiados. O MDB teve um saldo positivo de 3.000 novas filiações, mas sofreu baixa em estados como Paraná e Minas Gerais.
                                                                      
O PT, que tem 1,6 milhão de filiados, ganhou apenas 9.000 filiados. Mas o crescimento foi concentrado no Distrito Federal, de onde vieram 4.000 filiações. 

O PSDB cresceu em São Paulo e Rio Grande do Sul, onde foram eleitos os governadores João Doria e Eduardo Leite, ambos do partido. Por outro lado, perdeu mais filiados do que ganhou em 13 estados.

Os partidos ameaçados pela cláusula de barreira —que prevê restrição no acesso ao fundo partidário e tempo de televisão— foram os mais atingidos com a saída de filiados.

Das 16 legendas que tiveram mais desfiliações do que filiações este ano, 13 não cumpriram a cláusula de desempenho, incluindo siglas como Rede e PC do B.

Partidos médios que superaram a cláusula, como PSC e Cidadania (ex-PPS), também sofreram perdas.

Apesar de simbolizar a representação dos partidos entre o eleitorado, o número de filiados é tido como um indicador questionável para mensurar o tamanho ou a capilaridade dos partidos.

Isso porque, no Brasil, nem sempre há participação dos filiados nas decisões do partido. A ausência de taxas e contribuições financeiras na maioria dos partidos também é um fator que facilita a filiação.

Outra lacuna é o fato de a base de dados do TSE possuir falhas. Existem pessoas que já morreram entre os filiados considerados em situação regular, há eleitores que são registrados involuntariamente e as mudanças de município do eleitor não são levadas em consideração para regionalização das filiações.

 

O professor Bruno Speck destaca a alta taxa de filiação partidária do Brasil: de cada dez eleitores, um está filiado a um partido.

Estas filiações, contudo, possuem um perfil mais ligado às disputas eleitorais. Pesquisas realizadas por Speck apontam que, desde a redemocratização, os picos de filiação acontecem nos anos que antecedem as eleições.

Até 2017, para disputar uma eleição, o candidato tinha que ter pelo menos um ano de filiação a um partido. O prazo caiu para seis meses na mais recente reforma política.

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