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Ex-ministros e partido de Bolsonaro vencem disputas para o Senado

PL terá maior bancada da Casa, com 14 integrantes; PT alcança 9 cadeiras

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Brasília

O PL do presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros de seu governo tiveram uma vitória expressiva nas eleições para o Senado neste domingo (2). O partido do presidente irá controlar a maior bancada da Casa, com 14 cadeiras, 5 a mais do que tinha no primeiro semestre deste ano —e ainda pode chegar a 15.

Foram eleitos os ex-ministros bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN) e Jorge Seif (PL-SC).

O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil), que rompeu com Bolsonaro ao deixar o governo e se reaproximou do bolsonarismo na campanha eleitoral, também conseguiu uma cadeira no Senado pelo Paraná.

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é outro próximo a Bolsonaro que conseguiu uma vaga no Senado. Ele derrotou o petista Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Magno Malta (PL-ES), outro político bastante ligado ao presidente, venceu no Espírito Santo.

O bloco mais à esquerda também cresceu, mas um pouco mais timidamente. O PT passou de 7 para 9 senadores nessas eleições. Entre os eleitos, estão os ex-governadores Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI). Em Pernambuco, foi eleita para o Senado a petista Teresa Leitão.

O PL era um partido pouco expressivo antes da migração de Bolsonaro para suas fileiras, no fim do ano passado. Cresceu com algumas filiações e, após as eleições deste domingo, já tem garantidos 14 senadores e ainda espera o resultado de Jorginho Mello (PL-SC), que vai disputar o segundo turno em Santa Catarina. Caso perca, o partido do mandatário chegaria a 15.

Além do crescimento do PL, outros partidos governistas ou que fazem parte do chamado centrão conseguiram aumentar as suas bancadas, como a União Brasil.

Tradicionalmente a maior bancada do Senado, o MDB saiu mais fraco dessas eleições. O partido perdeu quatro senadores cujos mandatos terminaram e conseguiu eleger apenas Renan Filho (MDB-AL).

O resultado vai dar munição para o grupo de Renan Calheiros, que desde o início se opôs à candidatura de Simone Tebet (MS) à Presidência da República, argumentando que, em vez de apostar em um nome pouco competitivo, deveria investir para aumentar a bancada no Congresso.

O MDB dividia o posto de maior bancada com o PSD, que também perdeu assentos. O partido tinha 12 senadores, mas três deles terão seus mandatos encerrados nessa legislatura. A sigla conseguiu apenas reeleger Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM).

O PSDB seguiu a tendência de encolhimento de sua bancada no Congresso.

Nestas eleições, apenas 27 das 81 cadeiras estiveram em disputa. Diferentemente da Câmara dos Deputados, o mandato dos senadores é de oito anos, com renovação de parte da Casa a cada quatro anos —um terço numa eleição, dois terços na outra.

A nova composição de forças partidárias coloca em dúvida a reeleição do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente da Casa. Embora a regra não tenha sido seguida nas duas últimas eleições internas, a maior bancada tem a prerrogativa de indicar o nome para a presidência.

Eleito com apoio de Bolsonaro há dois anos, Pacheco se distanciou do Planalto com o tempo e se tornou alvo dos bolsonaristas. Aliados do presidente não aceitaram a abertura da CPI da Covid e o que caracterizam como blindagem oferecida pelo presidente do Senado aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A eleição para o comando do Senado ocorrerá em fevereiro e será influenciada também pelo resultado do segundo turno da eleição presidencial. Uma eventual vitória de Bolsonaro tende a ser prejudicial às pretensões de Pacheco.

O senador mineiro ainda se viu derrotado ao ver seu aliado próximo Alexandre da Silveira (PSD-MG) perder a disputa pela reeleição no Senado.

Desde 2021, com a eleição de Pacheco, o Senado serviu como uma espécie de anteparo ao bolsonarismo e ao próprio governo Bolsonaro, que encontrou em Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e líder do centrão, um aliado bem mais prestativo.

A Casa instalou a CPI da Covid, que se tornou o maior ponto de pressão contra o governo durante a pandemia, apontando erros no enfrentamento da doença, negligência na compra de vacinas e indícios de corrupção.

O relatório final da comissão recomendou o indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 77 pessoas, incluindo seus filhos, ministros, parlamentares governistas e médicos negacionistas.

O Senado também brecou a chamada pauta de costumes do bolsonarismo. Não avançaram na Casa, por exemplo, propostas que flexibilizam regras relativas ao porte de armas e a que permite o chamado homeschooling, a educação de crianças em casa.

O MDB passou a maior parte dos últimos quatro anos como a maior bancada do Senado, chegando a contar com 16 senadores. No entanto, foi perdendo parlamentares para outras siglas. Além disso, os emedebistas sofreram duas grandes derrotas nesse período, ao tentar eleger o presidente da Casa.

Na primeira delas, em 2019, o recém-eleito governo Bolsonaro atuou para derrubar Renan Calheiros (MDB-AL), contando ainda com um racha interno no MDB e com a atuação de senadores eleitos com a bandeira do combate à corrupção.

Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ganhou a disputa e foi aumentando o seu poder, em particular concentrando a distribuição de emendas. Conseguiu fazer seu sucessor com facilidade, em 2021, quando o MDB decidiu abandonar Simone Tebet (MS).

O Senado também vai perder nesse período de renovação alguns políticos admirados por seus pares, como os tucanos Tasso Jereissati (PSDB-CE) e José Serra (PSDB-SP).

O primeiro chegou a ser cotado para a vaga de vice na chapa presidencial de Tebet, mas acabou decidindo não concorrer a nenhum cargo eletivo nas eleições. Serra optou por disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.

Outro senador experiente que vai deixar o Senado é Álvaro Dias (Podemos-PR), que perdeu a disputa no Paraná para Sergio Moro. Também deixa a Casa Kátia Abreu (PP-TO), importante integrante da bancada ruralista e que tinha contato direto com alguns ministros do Supremo Tribunal Federal.

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