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'O futuro a Deus pertence', diz Datena ao se filiar ao PSDB, seu 11º partido

Em evento esvaziado de líderes tucanos, apresentador acena para coligação com Tabata, enquanto sigla não descarta candidatura própria

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São Paulo

O apresentador José Luiz Datena se filiou ao PSDB na manhã desta quinta-feira (4), em evento que teve a presença da pré-candidata a prefeita Tabata Amaral (PSB), e disse que o movimento se trata "tão somente de coligação partidária", indicando que será vice na chapa da deputada.

Ao mesmo tempo, emendou que "o futuro a Deus pertence". Ele entra em sua 11ª legenda, numa troca amigável do PSB para o PSDB, e já desistiu de concorrer na última hora em quatro eleições.

José Luiz Datena, ao centro, assina ficha de filiação ao PSDB ao lado do presidente municipal do partido, José Aníbal, e da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) - Rubens Cavallari/Folhapress

Já o PSDB, por sua vez, passou a mensagem de que a candidatura própria à prefeitura não está descartada —risco que o PSB topou assumir. O PSDB também é cortejado por Kim Kataguiri (União Brasil), que ofereceu a vice ao partido, e pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que pretende insistir na aliança com a sigla, apesar de a direção municipal tucana ter descartado essa possibilidade.

Segundo dirigentes tucanos, todas as opções estão na mesa e não há compromisso prévio com Tabata. A decisão final ficará para julho, época das convenções partidárias. Já o prazo de filiação se encerra no sábado (6), o que levou a essa costura de última hora.

Na prática, como mostrou a Folha, boa parte da militância do PSDB vai acabar fazendo campanha para Nunes, por estar abrigada na máquina municipal e por ver nele a continuação de Bruno Covas (PSDB), que morreu em 2021.

"Agora vamos iniciar um novo procedimento nessa sucessão paulistana com o Datena como nosso companheiro com condições de disputar o que for importante para que a gente conquiste a vitória", afirmou o presidente municipal do PSDB, o ex-senador José Aníbal.

Ao responder à imprensa, Datena e Aníbal evitaram ser categóricos sobre o futuro do apresentador. Questionado sobre ser candidato a prefeito ou a vice, Datena não descartou nenhuma das possibilidades e disse que tudo depende do acerto entre os partidos.

"O que vai acontecer vai acontecer. O futuro a Deus pertence. A minha vontade é estar do lado da Tabata", disse. Ele acrescentou que "pode dar no pé amanhã" e que não depende da política.

Datena havia se filiado ao PSB em dezembro para ser vice na chapa da deputada, que agora tem a perspectiva de trocar a chapa pura por uma coligação, o que agrega recursos e tempo de propaganda na TV.

Tabata marcou 8% no último Datafolha, atrás de Guilherme Boulos (PSOL), com 30%, e Nunes, com 29%.

Em seu discurso, ela também enfatizou a realização da coligação. "O PSB abre mão de um dos seus maiores quadros, mas faz isso com o coração tranquilo. [...] A gente sabe que esse é um movimento coletivo, e é só por isso que a gente deixou."

Tabata afirmou reconhecer o que o PSDB fez por São Paulo nos últimos anos. "Reconheço a trajetória, o tamanho e os quadros do PSDB. Que a gente esteja sempre junto, sempre dialogando, em prol não de cargo e conchavo, mas em prol de uma cidade."

Em 2020, no segundo turno entre Covas e Boulos, Tabata declarou apoio ao candidato do PSOL e disse não concordar com o que Nunes, o vice do tucano na época, representava.

O acerto PSB-PSDB em São Paulo tem como efeito colateral a insatisfação da governadora Raquel Lyra (PSDB-PE), que ameaça deixar o partido. Ela enfrenta em seu estado justamente a oposição do PSB de João Campos, prefeito do Recife e namorado de Tabata.

A respeito disso, Aníbal afirmou que as duas questões não têm ligação e que é precipitação imaginar que Raquel se sentiria desprestigiada.

O evento de filiação desta quinta foi esvaziado do ponto de vista de líderes tucanos —o presidente nacional Marconi Perillo e o presidente estadual Paulo Serra não estiveram presentes. Perillo enviou uma mensagem de boas vindas a Datena e disse que não pôde comparecer em função de entrevistas na TV.

Já figuras do PSB, como o deputado estadual Caio França, foram ao ato. Também estava presente o ex-secretário municipal e ex-presidente do PSDB na capital Orlando Faria, que migrou para a pré-campanha de Tabata.

Aníbal, em sua fala, não deu destaque à pré-candidatura de Tabata e disse que ela estava no evento como "amiga de Datena". Ele destacou que a filiação dá protagonismo ao PSDB e condenou a polarização, numa referência à disputa entre Nunes, apoiado por Jair Bolsonaro (PL), e Boulos (PSOL), cujo padrinho é Lula (PT).

"Datena mostrou que tem um grande compromisso com São Paulo e que a polarização que está aí não é produtiva. [...] É preciso que haja uma oxigenação do cenário político brasileiro. [...] Nós queremos com essa filiação dar um impulso forte no PSDB, compatível com a politica atual do PSDB de recuperação."

Em seu discurso, Datena disse que sua entrada no PSDB era um movimento que já vinha sendo estudado com Tabata, a quem fez uma série de elogios. Ele também exaltou Mário Covas (PSDB), Geraldo Alckmin (PSB) e, sobretudo, Bruno Covas.

Por outro lado, fez uma série de críticas a Nunes e à corrupção na política, dizendo que São Paulo está abandonada, que o PCC domina o sistema de ônibus e que quem passeia pelo centro corre risco de ser roubado e morto.

"Por causa da polarização, por causa dos extremos, estivemos perto de um golpe no 8 de janeiro, que quase leva esse país ao obscurantismo da ditadura. Eu odeio extrema direita, fascismo. [...] Odeio a extrema esquerda. [...] Nossa ideologia tem que ser uma só: o povo brasileiro", disse Datena, que flertou com Bolsonaro e com Lula em sua carreira. Ele reforçou que não apoiou nenhum dos dois em 2022.

Questionado sobre considerar Boulos extrema esquerda, Datena disse "ele é esquerda para caramba, só não sei se extrema". E emendou: "Eu gosto do Boulos". Antes de acertar com Tabata, Datena cogitou a vice na chapa do PSOL.

Tucanos que apoiam Nunes afirmam que, ao fechar com Tabata, o PSDB, na verdade, vai acabar endossando Boulos, pois ela entraria no palanque do PSOL no segundo turno.

Questionado sobre essa possibilidade, Aníbal disse que a imprensa "tem enorme dificuldade de entender que existe alternativa aos dois candidatos" e que o PSDB quer "dar força ao centro democrático".

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