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Lula acelera demissão de Silvio Almeida como contenção de danos

Relato de que acusações já circulavam dentro do governo forçou presidente a adotar rito sumário

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Brasília

O relato de que as acusações de assédio contra Silvio Almeida (Direitos Humanos) circulavam havia algum tempo dentro do governo forçou Lula (PT) a adotar um rito sumário no episódio. A demissão do ministro expôs um presidente avesso à ideia de manter a crise em seu colo até que a história fosse depurada.

A maneira crua como Lula ofereceu sua primeira avaliação do caso, ainda na manhã de sexta-feira (6), explicitou o cálculo imediato feito pelo Palácio do Planalto. Naquele momento, Lula mostrou que a decisão de remover Almeida estava tomada e ainda deixou claro por que tinha pressa.

Em entrevista a uma rádio, Lula sentenciou que o ministro não tinha condições de permanecer no cargo porque as acusações colidiam com uma plataforma de seu governo. "Eu estou numa briga danada contra a violência contra as mulheres", disse.

O ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos) durante evento com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto em novembro de 2023 - AFP

Ali, o petista marcou posição ao lado de uma bandeira importante para a esquerda. Apesar de declarações descabidas do próprio presidente, o governo adotou políticas direcionadas à defesa das mulheres por convicção e também soube explorar suas posições nessa área para reforçar o contraste com os anos de Jair Bolsonaro (PL). Mas não foi só isso.

Lula também deu um passo considerado determinante em situações dessa natureza e manifestou um juízo favorável à credibilidade da vítima —a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial).

O movimento se tornou praticamente necessário, como um esforço de contenção de danos. Se Anielle já havia apresentado acusações contra Almeida em conversas reservadas com alguns de seus colegas, a falta de uma resposta seria inevitavelmente interpretada como desconfiança ou vista grossa.

O governo até tentou se sustentar no fato de que Anielle não havia formalizado nenhuma denúncia e se mantinha em silêncio. Nada disso teve importância depois que o caso se tornou público e a ministra recusou o direito de negar as acusações contra Almeida.

Lula abriu o alçapão com informações limitadas. Se as investigações não comprovarem as acusações, a ação preventiva se converterá em desastre.

Ainda assim, o presidente parece ter julgado que manter o ministro no cargo durante as apurações seria capaz de transferir ao governo um custo alto demais.

Naquela entrevista de rádio, Lula encarou a questão de frente. "Eu não vou permitir que um erro pessoal de alguém ou um equívoco de alguém vá prejudicar o governo", afirmou. Depois, disse querer "paz e tranquilidade" para trabalhar e começou a pintar um quadro otimista sobre a economia do país.

O envolvimento direto de dois integrantes do primeiro escalão do governo, ambos representativos de grupos sociais relevantes para a esquerda, ainda acrescentou outros fatores espinhosos a um caso que, de resto, não precisaria de mais complicações.

De um lado, o nome da denunciante acelerou a formação de uma rede interna de apoio que teve a participação decisiva da primeira-dama. De outro, a configuração do episódio levou o denunciado a fazer insinuações de que havia interesses políticos na história.

A disposição de Almeida de levar essa tese adiante como linha de defesa, aliás, ainda pode prolongar o desgaste provocado pelo caso.

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