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Descrição de chapéu São Paulo 2030 - 2ª edição

Equipamentos datados freiam expansão do saneamento básico em SP

Em seminário da Folha, debatedores também chamaram atenção para impactos do aumento do desmatamento na oferta de água potável

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São Paulo

Avanços na estrutura de saneamento básico na capital paulista dependem de investimento em pesquisa e planejamento de possíveis impactos ambientais.

No Brasil, muitas das tecnologias usadas nessa área datam da Segunda Guerra Mundial (1939 –1945), explica José Carlos Mierzwa, professor de engenharia hidráulica e ambiental da Escola Politécnica da USP.

Esses equipamentos podem até suprir as demandas de cidades pequenas e médias, mas, com o crescimento populacional e o aumento do uso dos serviços hídricos, é necessário investir em ferramentas para garantir o acesso à água potável, diz.

A segunda edição do seminário São Paulo 2030 teve mediação de Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha - Keiny Andrade/Folhapress

"O setor enfrenta atraso na adoção de novas tecnologias para enfrentar desafios como a ampliação do uso da água. Pesquisa e inovação podem viabilizar recursos para eliminar contaminantes que comprometem os cursos hídricos."

O panorama geral de acesso a saneamento e água potável na capital paulista foi tema de debate no seminário São Paulo 2030, promovido pela Folha, na quinta-feira (26), com patrocínio da Sabesp e do Nelson Wilians Group. A mediação foi feita pelo jornalista Fábio Haddad, editor de Cotidiano do jornal.

Já Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, chama atenção para o aspecto ambiental. Segundo ela, é preciso estar atento aos retrocessos em relação à legislação sobre o tema no país.

"Continuamos achando que a água nasce na torneira e que a crise hídrica acabou. Estamos em um momento de emergência climática, aumentando o desmatamento e a pressão sobre os mananciais."
De acordo com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, entre setembro de 2020 e abril de 2021, o país enfrentou a pior seca em 91 anos.

Na linha da fala de Malu, entre 2020 e 2021 a Mata Atlântica registrou um índice de desmatamento 66% maior que o período anterior, entre 2019 e 2020. O número, divulgado pela SOS Mata Atlântica, é o maior já contabilizado desde 1985, início da série histórica.

Para ela, a política de saneamento deve olhar para o tratamento do esgoto levando em conta questões como a poluição industrial, a pulverização de agrotóxicos e a presença de microplásticos na água.


Acompanhe o debate:


Para dar um destino adequado aos resíduos e elevar a qualidade do tratamento da água, Mierzwa destaca novamente a importância do investimento em inovação e pesquisa. "O objetivo da tecnologia é clarificar a água e fazer limpeza biológica [uso de produtos químicos que eliminam bactérias e resíduos]."

Na capital paulista, 98,8% dos habitantes têm acesso à água potável, e 93,5% à coleta de esgoto. O índice de tratamento chega a 69,6% da população, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, divulgados em 2021.

Mesmo com bons indicadores de acesso ao saneamento, regiões como o Jardim Emburá, no distrito de Engenheiro Marsilac (zona sul), ainda não têm acesso à água potável.

"Hoje temos condições de intervir e prestar serviço às pessoas em situação de vulnerabilidade" afirma Benedito Braga, diretor-presidente da Sabesp, referindo-se aos avanços promovidos pelo Marco Legal do Saneamento, de 2020.

A legislação estabelece a meta de que 99% das pessoas tenham acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até 2033, além de prever a chegada desses serviços a regiões com habitações irregulares.

"Tínhamos grandes dificuldades para atender a população vulnerável, havia um entendimento que levar saneamento seria regularizar alguém que estava em situação irregular", diz Braga sobre as obras em andamento em favelas, como a do Moinho, na região central da capital.

Marcel Daltro, sócio e diretor do Nelson Wilians Advogados, vê na legislação o "nascedouro da discussão sobre saneamento", opinião que é compartilhada por Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

Pretto defende que é preciso mobilizar a população e os governantes para mostrar o potencial das regiões que têm água potável.

"Acesso ao saneamento básico e tratamento de esgoto podem diminuir a transmissão de doenças e poupar recursos de outros setores, como a saúde", diz.

Malu, da SOS Mata Atlântica, afirma que a abertura de um canal de comunicação entre prestadores de serviço e população pode contribuir para aumentar a participação da sociedade no debate sobre água, saneamento e meio ambiente.

A poluição de rios urbanos também foi tema debatido pelos especialistas. O Tietê, que corta todo o estado de São Paulo, está em processo de despoluição desde 1992.

Para Malu, a qualidade da água nos rios urbanos é um reflexo do tratamento dado às bacias hídricas.
Braga, da Sabesp, afirma que a limpeza do rio é possível, mas não será imediata.

"O resultado ainda deve levar alguns anos para ser visto, porque se trata de uma grande bacia hidrográfica, bem maior que o recém despoluído rio Pinheiros, um afluente do Tietê."

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