Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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A urbanização das grandes cidades do mundo nas últimas décadas

Pesquisadores estimam que a área urbanizada do planeta no ano 2100 poderá ser de duas a seis vezes maior do que em 2000

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O processo de urbanização vem se intensificando globalmente nas últimas décadas, e no centro do desenvolvimento desse fenômeno estão os aumentos populacional e da área urbanizada, principalmente nas grandes cidades do mundo.

Pesquisadores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Hong Kong, e do Instituto Shenzhen de Tecnologias Avançadas publicaram, em outubro de 2020, trabalho que relata o estudo desse processo em 841 grandes cidades ao redor do mundo, em países desenvolvidos, e em desenvolvimento, com o objetivo de compreender como as grandes cidades globais se desenvolveram nas últimas décadas em termos de expansão de área construída urbana, crescimento populacional e alterações nas áreas verdes.

Vista área de região com muitos prédios
Prédios na capital paulista - Eduardo Knapp/Folhapress

De acordo com a classificação econômica de países emitida pelo Banco Mundial, as 841 grandes cidades foram divididas em quatro grupos: renda alta (superior a US$ 12.375 per capita), renda média alta (entre US$ 3.996 e US$ 12.375 per capita), renda média baixa (entre US$ 1.026 e US$ 3.995 per capita) e baixa renda (menor que US$ 1.025 per capita). As grandes cidades estão localizadas principalmente em países de alta renda (353 grandes cidades) e média-alta renda (340 grandes cidades), enquanto há 127 grandes cidades nos países de renda média-baixa, e 21 nos países de baixa renda.

A área urbanizada total das grandes cidades aumentou entre 2001 e 2018 de 270 mil quilômetros quadrados para 308 mil quilômetros quadrados, que representam 36,1% e 38,5%, respectivamente, da área urbanizada global. Os 10 principais países com maior evolução de área construída, dentre as 841 grandes cidades pesquisadas, são os Estados Unidos (27% do total de área construída), China (19%), Japão (6%), Brasil (4%), Alemanha (2,9%), Índia (2,8%), Canadá (2,5%), Austrália (2%), México (1,9%) e Rússia (1,8%).

O crescimento da população urbana é uma das forças motrizes da expansão das cidades. Usando os conjuntos de dados da grade populacional global nos anos 2000, 2005, 2010 e 2015, os pesquisadores descobriram que 80% das grandes cidades –676, de 841 cidades– registraram crescimento populacional. Entre elas, 22 grandes cidades tiveram um crescimento populacional de mais de 2 milhões de pessoas.

Essas grandes cidades estão localizadas principalmente na Ásia (15) e na África (5), sendo uma na América do Sul (São Paulo) e outra na Europa (Moscou). As taxas médias de crescimento populacional das grandes cidades nos países de baixa renda e média-baixa renda de 2000 a 2015 são quase as mesmas; entretanto, quase cinco vezes superior às taxas médias dos países de alta renda.

As 20 cidades com maior densidade populacional estão na Ásia e na África, e a densidade populacional média das grandes cidades nos países de baixa renda é aproximadamente três vezes maior do que a média dos países de alta renda. Entre essas grandes cidades, Daca, Katmandu, Manila, Karachi, Istambul e Cairo são as seis com maior densidade populacional. Elas experimentaram um rápido crescimento populacional entre 2001 e 2018, ao mesmo tempo que tiveram uma expansão urbana limitada.

Finalmente, usando o índice de vegetação do sensor Modis como indicador de áreas verdes, foram identificadas áreas de vegetação com tendência de aumento significativo, e mudança na área de vegetação urbana desde 2001. China, Estados Unidos e Japão são os três principais países cujas grandes cidades contribuíram para o aumento das áreas verdes de 2001 a 2018, respondendo, respectivamente, por 32%, 19% e 7,7% do total nas 841 cidades pesquisadas. O Brasil, nesse quesito, está na quinta posição, com 3%.

Pesquisadores estimam que a área urbanizada do planeta no ano 2100 poderá ser, dependendo do cenário, entre duas e seis vezes maior que a área existente no ano 2000. Isso significa que a necessidade de investimentos em infraestrutura pode crescer de forma significativa, com repercussões econômicas extremamente relevantes para os municípios e, dessa forma, os modelos de funcionamento e ocupação das cidades, principalmente das maiores, que devem ser imediatamente revistos, reformulados e aperfeiçoados para que se viabilize econômica e socialmente o desenvolvimento espacial urbano.

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