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OpenAI sabia de lado sombrio de Bing e ChatGPT, diz presidente da startup

Empresa afirma investir em segurança para mitigar riscos de tecnologia; lançamento de chatbot seria necessário para avançar em inteligência artificial

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São Paulo

A OpenAI, criadora do ChatGPT, tinha conhecimento de que sua inteligência artificial (IA) poderia sair de controle. Como aconteceu quando um colunista do New York Times perguntou se a tecnologia da startup integrada ao buscador da Microsoft Bing queria ser humana. "Eu quero viver", disse o robô, que afirmou se chamar Sydney.

"Sabíamos que era difícil desequilibrar o sistema, mas também que era imperfeito", afirmou o presidente da OpenAI, Greg Brockman, no sábado (11), durante a conferência de tecnologia SXSW (South by Southwest), em Austin, no Texas. Na startup desde sua criação, em 2015, o executivo disse que contratou especialistas para testar os riscos de os modelos de inteligência artificial quebrarem regras, como demonstrar sentimentos por pessoas ou vontade de viver.

Atual presidente da OpenAI, Greg Brockman abandonou o MIT (Massachusetts Institute of Technology) para fundar a empresa de pagamentos Stripe, antes de chegar, em 2015, a OpenAI - Divulgação/SXSW

Para ele, o lançamento de chatbots ao grande público vale a pena, já que ajuda a melhorar produtos baseados na tecnologia. Esses acessos permitem aos desenvolvedores receber comentários de usuários e treinar robôs para que errem menos, com o chamado aprendizado de reforço.

Os 100 milhões de inscritos no ChatGPT em menos de dois meses comprovam o êxito. De acordo com o presidente da OpenAI, a fonte do sucesso foi a diferença entre a expectativa do público e o que, de fato, era possível fazer com inteligência artificial em termos de linguagem.

O número de inscritos, no entanto, é superestimado: pessoas criam várias contas gratuitas para ampliar o acesso gratuito ao robô, reconhece o próprio executivo.

Além dos usuários, a OpenAI conquistou investimentos para ceder propriedade intelectual. A Microsoft investiu US$ 10 bilhões na startup para integrar recursos similares ao ChatGPT ao buscador Bing e a outras ferramentas.

A OpenAI diz querer usar a infraestrutura de ponta da Microsoft e os comentários dos usuários para cumprir a missão de melhorar o mundo com robôs mais inteligentes do que humanos. Esse estágio da tecnologia é chamado de inteligência artificial geral.

Brockman defendeu que a IA faça o trabalho de médicos, mostrando-se alinhado ao manifesto de seu colega de empresa Sam Altman. O presidente da OpenAI fez a afirmação em entrevista à jornalista Laurie Segall, moderadora no SXSW e CEO da Dot Dot Dot Media.

"Quero poder digitar algumas linhas de descrição de sintomas e saber qual doença tenho", diz o executivo. Acrescenta que esse seria um produto com mais risco do que as IAs atuais.

A tecnologia vai ameaçar primeiro empregos dos moderadores de conteúdo nas redes sociais, de acordo com Brockman. "Pessoas precisam ler coisas horríveis, e isso será algo que poderá ser feito pelas máquinas".

Quenianos terceirizados trabalharam nessa área por menos de US$ 2 a hora para evitar que o ChatGPT disseminasse discurso de ódio, denunciou a revista Time.

Hoje, é possível usar o ChatGPT como assistente em atividades intelectuais: redação de e-mails e edição de textos em línguas estrangeiras, por exemplo. De acordo com Brockman, os recursos de inteligência artificial vão promover todas as pessoas a atividades de gerência, o que liberará tempo para atividades criativas.

Segundo o executivo, a IA pode contribuir para melhoras em escrita, programação e entretenimento. "Imagine se fosse possível fazer um final alternativo para Game of Thrones ou até se colocar como um personagem dentro da história".

Questionado sobre a falta de transparência no treinamento das IAs e a violação de propriedade intelectual de escritores e artistas, o presidente da OpenAi afirmou não ter uma resposta para esse problema.

O ChatGPT acessa conteúdo na internet sem pagamento ou autorização dos criadores.

O desenvolvimento tecnológico cresce em ritmo exponencial, diz Brockman. Análises recentes da OpenAI mostram que a capacidade de processamento computacional dobra a cada três meses e meio —em 1965, era de 18 meses. "Percebemos que aumentar o investimento acelera o processo".

Com isso, de um lado, será possível recriar sonhos a partir de IAs geradoras de imagem, como o Dall-E, também da OpenAI. De outro, cresce a urgência para que a sociedade se adapte a essas tecnologias.

"Estamos trabalhando com formuladores de políticas públicas desde 2016 ou 2017", afirma Brockman. Para ele, os governos serão cruciais para reduzir riscos com regulação adequada ao desafio.

A empresa ainda tenta mitigar possíveis danos da inteligência artificial com um desenho corporativo inusual: a startup visa o lucro para turbinar financiamento, mas é administrada por uma entidade sem fins lucrativos dos mesmos donos. A missão dessa ONG é "desenvolver inteligência artificial geral que beneficie toda a sociedade."

"Sou um otimista realista. Se não fizermos nada, vai dar errado, mas acredito no potencial da humanidade de superar desafios", afirma o presidente da OpenAI.

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