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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu café inflação

Preço do café sobe 35% em 4 meses e deve continuar em alta até 2025

Industriais esperam inflação de até 15% apenas nos próximos 60 dias; no campo, estiagem preocupa

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São Paulo

O preço do café registra uma sequência de fortes altas desde o início do ano, e há sinais de que essa tendência continuará pelo menos até o primeiro semestre de 2025.

Segundo dados da própria indústria, o valor do produto no varejo subiu cerca de 35% apenas nos últimos quatro meses. Em agosto, o quilo pago pelo consumidor alcançou um preço médio de R$ 39,63, ante R$ 29,18 em abril.

Questionado pelo Café na Prensa, o diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Celírio Inácio, diz esperar que "o valor do café suba de 10% a 15% nos próximos 40 ou 60 dias".

A imagem mostra várias caixas de café da marca 3 Corações dispostas em uma prateleira de supermercado. As caixas são predominantemente vermelhas e apresentam o logotipo da marca, que inclui um coração com três corações menores dentro. Algumas caixas têm a descrição 'Extraforte' e outras variações de sabor. Ao fundo, é possível ver caixas de outras marcas.
Cafés nas prateleiras de um supermercado de São Paulo - David Lucena/Folhapress

Esse aumento ainda não foi repassado ao consumidor, explica Inácio, porque os supermercadistas procuram negociar com as marcas.

A previsão de pressão sobre os preços deve continuar em 2025, segundo projeções da associação que representa os industriais. "Até o momento, não há nenhum indício de queda de preço da matéria prima para este ano. Essa previsão se estende até, pelo menos, abril de 2025", diz Inácio.

A alta se explica sobretudo por questões climáticas. Cafeicultores de várias regiões produtoras do Brasil demonstram preocupação com uma estiagem prolongada e o calor excessivo. Tudo isso vem depois de uma sequência de safras com adversidades.

"Em 2022, tivemos a geada e, em 2023, houve excesso de chuvas em algumas áreas e a falta em outras. E esse mesmo cenário se repetiu neste ano", diz Inácio. "Agora, com as queimadas afetando algumas plantações, especialmente em São Paulo, as notícias negativas acabam influenciando o preço devido à insegurança que acomete o mercado. De fato, há preocupações e tensões".

Esses temores só diminuirão, diz, caso haja chuva na segunda quinzena de setembro. "Se a partir do final deste mês, como tem sido falado, engatarmos em um período longo de chuvas regulares, será possível ter uma grande safra, suficiente para abastecer o consumo interno e para atender as demandas de exportação. Caso a chuva não venha e o que aconteceu no ano passado se repita, ou seja, um misto de altas temperaturas e estiagem prolongada, observaremos um arrefecimento da produção e, consequentemente, um período mais prolongado de preços voláteis", diz Inácio.

Outros fatores que contribuem para essa inflação no Brasil são a oferta restrita de grão no Vietnã –segundo maior produtor mundial– e o aumento de preço no mercado internacional.

Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o preço do café em agosto subiu em todas as 17 capitais nas quais o instituto faz sua tradicional pesquisa. Houve cidades com inflação na casa dos dois dígitos, como em Goiânia, onde o café subiu 13,75% de julho para agosto.

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