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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu café Colômbia

Cafeteria colombiana Juan Valdez deve abrir primeira loja no Brasil em dezembro

Empresa planeja entrar no mercado brasileiro tanto com unidades próprias quanto no varejo

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São Paulo

A rede colombiana de cafeterias Juan Valdez planeja sua entrada no mercado brasileiro e deve inaugurar a primeira loja no país em dezembro deste ano.

A empresa já havia anunciado que o Brasil estava em seu radar, mas faltavam informações mais concretas sobre como seria o projeto de expansão para o país, que é o maior consumidor de café da América do Sul.

Até que, em agosto, o gerente geral da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, Germán Bahamón, mencionou em um evento que a Juan Valdez inauguraria sua primeira loja no Brasil ainda neste ano.

A imagem mostra a entrada de uma cafeteria Juan Valdez. O espaço tem paredes de madeira clara e um painel vermelho com uma escultura em relevo. Dentro, há prateleiras com produtos expostos e um balcão onde um cliente está sendo atendido. O ambiente é iluminado com luzes pendentes e há plantas decorativas visíveis.
Cafeteria da Juan Valdez no Chile; empresa deve abrir primeira loja no Brasil ainda neste ano - David Lucena/Folhapress

Oficialmente, a empresa não fala em prazos. Procurada pelo Café na Prensa, a Juan Valdez informa que "está focada em seu processo de expansão internacional, incluindo planejamento para o Brasil", sem dar mais detalhes.

A reportagem, porém, apurou junto a executivos do alto escalão da companhia que a projeção dada por Bahamón está correta e que, de fato, a empresa planeja sua primeira inauguração em solo brasileiro ainda neste ano.

Além disso, a empresa deve investir no varejo, oferecendo opções de café torrado e moído nos supermercados. Atualmente, há alguns empórios que vendem os produtos da marca por importação própria. Com a chegada da empresa no Brasil, contudo, essa oferta deve ser massiva.

Espécie de Starbucks colombiana, a Juan Valdez nasceu em dezembro de 2002 e hoje é a maior embaixadora do café colombiano. A empresa é batizada com o nome do personagem fictício criado pela Federação Nacional dos Cafeicultores e que representa o agricultor colombiano em peças publicitárias desde a década de 1950.

A empresa tem centenas de lojas sobretudo na Colômbia, mas também está presente em dezenas de países, tanto no varejo quanto com cafeterias. Recentemente, a companhia decidiu investir com mais afinco na expansão internacional. Além do Brasil, mira outros mercados emergentes, como a China.

A informação da iminente inauguração no Brasil gerou celeuma entre produtores e empresários brasileiros, que têm uma rivalidade velada com os colombianos.

Maior exportador mundial da commodity, o Brasil ainda patina no mercado internacional do café industrializado –torrado e moído. Embora produza cerca de 40% do que é cultivado em todo o mundo, o país responde por apenas 16% do comércio global do produto final.

Ampliar a participação internacional é, inclusive, um dos principais anseios dos industriais brasileiros. Procurada pela reportagem, a entidade que representa esses empresários diz ver com naturalidade a chegada da Juan Valdez, mas ressalta o fato de que a Colômbia é uma das maiores compradoras do café do Brasil –informação comumente utilizada pelos produtores brasileiros para mostrar que o país não fica aquém do concorrente.

A entidade ainda aproveita para ressaltar a qualidade do produto nacional. "Entendemos que há uma vasta opção de marcas brasileiras de diferentes estilos e origens que atendem aos mais diversos e exigentes paladares", diz, em nota ao Café na Prensa, Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).

Apesar de ter hoje grãos de alta qualidade sensorial, o Brasil historicamente é visto como um produtor de café commodity –aquele de menor valor–, enquanto que a Colômbia ganhou fama pelos seus grãos arábicas finos.

Há alguns anos, contudo, o Brasil deu um salto de qualidade e hoje concorre também no mercado gourmet, disputando com origens tradicionalmente mais valorizadas, como a própria Colômbia e a Etiópia.

Não obstante, o país continua com dificuldades para entrar com maior força no segmento do produto torrado e moído. Parte disso é atribuída a uma questão de comunicação. Isto porque a Colômbia soube trabalhar, ao longo de décadas, a imagem de que seus cafés gozam de alta qualidade e prestígio. Em consequência disso, nos Estados Unidos e Europa o país é visto como uma referência, enquanto que o Brasil continua sendo percebido pela maioria dos consumidores mundiais como um produtor de café inferior.

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