Em uma das avenidas mais nobres da capital paulista, um luminoso com os dizeres Simples Cannabis (o +do logo é uma cruz) chama atenção pelo ineditismo. Trata-se da primeira casa aberta na cidade, com porte de loja, organizada para facilitar pacientes a encontrar médicos especializados, importar produtos e até mesmo vender aqueles aprovados pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).
"As facilitadoras já existem como negócio virtual, mas optamos pelo modo presencial", diz André Bocchi, 34, um dos sócios da casa. "É uma forma de ser mais transparente e passar confiança, principalmente aos clientes mais inseguros, que possuem preconceito com o tema."
De fato, o local não poderia ser mais exposto. Fica do lado oposto da calçada do prédio do HCor Medicina Diagnóstica, na Avenida Cidade Jardim. Na entrada, um lobby para convivência, que dá acesso a cinco salas de atendimento médico. "Há muitos pacientes com dificuldade de encontrar prescritores de Cannabis. Outros não se dão bem com o ambiente virtual, o que é um empecilho principalmente para quem precisa importar o produto", diz Leon Maas, 37, ex-cervejeiro da Ambev e atual sócio de Bocchi. "Conseguimos a autorização de importação da Anvisa em menos de uma hora."
A Simples Cannabis abriu as portas na última quarta-feira (24), à noite, apenas para convidados. Apesar da inauguração, o local ainda está incompleto. Em dois meses, os sócios prometem abrir, ao lado, uma farmácia apenas de Cannabis medicinal. "Isso vai ajudar muito o paciente", diz o médico José Maria de Souza Almeida, diretor geral da VerdeMed Brasil.
"Nas principais drogarias, os farmacêuticos ainda não estão devidamente preparados para a venda do medicamento." Como esse ponto de venda será especializado, os vendedores saberão entender melhor as receitas, que são controladas.
"É muito importante saber a diferença entre um CBD (Canabidiol, substância terapêutica derivada da Cannabis) full spectrum (com todos os demais canabinoides) e isolado". Almeida diz que a empresa vai dar um curso de qualificação direcionado aos farmacêuticos, justamente pela falta de formação desses profissionais. "Apesar de os dois serem CBD, eles possuem indicações diferentes."
Já as farmacêuticas que exportam para o país, caso da Remederi, acham que essa é uma boa oportunidade para que os médicos conheçam melhor as opções de mercado. "A Remederi é um produto certificado no Ministério da Saúde e da Agricultura de Denver e Colorado, nos EUA", diz Dalton Marquez, um dos sócios da Remederi, referindo-se a qualidade do produto medicinal.
O entusiasmo dos parceiros reflete nos planos da Simples Cannabis: "Pretendemos abrir filiais em outras capitais", alardeia o sócio investidor Henrique Aguilar, 38. Onde? Ele ainda não revela.
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