Após mais de um ano sem ampliar a malha cicloviária, a Prefeitura de São Paulo anunciou a entrega de 23 km de ciclofaixas e ciclovias na cidade. O comunicado, publicado na semana passada, gerou críticas de ciclistas que acusam a gestão municipal de ampliar as estruturas cicloviárias sem obedecer os padrões de segurança do "Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias" do município.
Coletivos de cicloativistas chamaram a atenção para longos trechos onde a estrutura foi entregue no limite de largura chamado de "excepcional" pelos critérios de sinalização da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego).
De acordo com a regra, na presença de obstáculos físicos incontornáveis, ou trechos onde a via não comporte o limite mínimo para ciclofaixas (145 centímetros), o limite excepcional pode chegar a 125 centímetros de largura para estruturas unidirecionais.
Na rua Rui Barbosa (região central), as novas estruturas foram pintadas no formato de ciclofaixa unidirecional e, segundo o comunicado da prefeitura, somam 2.338 metros. Em visita ao local, a Folha detectou longos trechos onde a largura da ciclofaixa varia entre 115 e 125 centímetros mesmo sem a presença de obstáculos.
O problema acontece principalmente no trecho pintado sobre o viaduto Armando Puglisi, que conecta a ciclofaixa da rua Rui Barbosa à ciclofaixa da rua 13 de Maio.
Por toda a extensão desta nova estrutura o único obstáculo incontornável fica na saída do viaduto, no sentido centro, onde o poste de um radar de velocidade faz a sarjeta avançar 50 centímetros sobre a via. Naquele ponto a largura da ciclofaixa cai para 70 centímetros, meio metro mais estreito que o limite excepcional para a condição da via.
A situação é semelhante à que aconteceu com a ciclofaixa da avenida Rebouças no início de maio, quando cicloativistas alertaram para a redução da largura da ciclofaixa após a conclusão das obras de recapeamento. Na época, o alerta fez a prefeitura corrigir o erro que colocava em risco a segurança dos ciclistas.
No comunicado da semana passada, a prefeitura informou que a cidade passou a ter 722 km de malha cicloviária com a entrega de 14 novos trechos. Entre eles estão a ciclovia do viaduto Bresser, uma antiga demanda de conexão da malha cicloviária da zona leste ao centro, e a ciclovia da ponte Cidade Universitária (zona oeste), que, segundo dados do Grupo Gestor da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, custou R$ 1,48 milhão aos cofres do município.
Insatisfeitos com as novas entregas da prefeitura, grupos de cicloativistas organizaram na noite de sexta (30) uma manifestação contra o que chamam de "ciclolinhas". O ato previa uma pedalada pelos trechos onde a largura das ciclofaixas é considerada crítica.
Questionada, a prefeitura emitiu uma nota: "A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) está realizando estudos para adotar a melhor solução para a correção da ciclofaixa localizada no Viaduto Armando Puglisi".
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