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Ciclocosmo - Caio Guatelli
Caio Guatelli

Obra da ViaMobilidade causa nova interdição na ciclovia do rio Pinheiros

Desvio por escadas é criticado por impedir acesso adequado de bicicletas

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Obras de reforma da estação Santo Amaro interditam a partir desta quinta (9) mais uma parte da ciclovia Franco Montoro, na margem leste do rio Pinheiros.

A nova interdição se estende por 1,4 km, entre o acesso da estação Santo Amaro e a ponte João Dias (zona sul da cidade de São Paulo), e se soma a interdições antigas, causadas por canteiros de obras do Governo do Estado de São Paulo por toda a extensão cicloviária. No total, a ciclovia Franco Montoro já perdeu 10,7 dos seus 21 km para reformas de outras estruturas em seu entorno.

Escada construída pela ViaMobilidade na ponte do Socorro pretende desviar o fluxo de ciclistas da ciclovia Franco Montoro para a ciclovia do Parque Linear Bruno Covas - Divulgação

De acordo com a ViaMobilidade, concessionária responsável pelas linhas de trem e metrô que passam pelo local, a intervenção deve durar até o segundo semestre de 2024.

Com o objetivo de diminuir os impactos negativos causados pela obra, a concessionária construiu um desvio por escada na ponte do Socorro, criando ali mais uma conexão entre as ciclovias das margens leste e oeste do rio Pinheiros. "Todo o trajeto é isolado do tráfego de veículos, garantindo assim a segurança para quem usa as bicicletas como forma de chegar ao trabalho ou por lazer", diz o comunicado da empresa.

Contudo, o novo acesso não atendeu a solicitação de representantes dos grupos de ciclistas, que em reunião realizada em agosto com representantes do Grupo CCR —dono da ViaMobilidade— alertaram para a necessidade da construção de uma rampa, que tem características mais adequadas ao público da ciclovia.

"A ideia da escada não foi aceita por nós. Mas disseram que seria a única alternativa", lembrou Paulo Alves, do coletivo Bike Zona Sul. O líder cicloativista também criticou a interdição de um banheiro que servia os frequentadores da ciclovia: "propusemos que construíssem um novo, em contrapartida. Obviamente não falaram mais nada".

De acordo com os cicloativistas, o uso de escadas para conectar as ciclovias ao viário tem impossibilitado o acesso de pessoas com mobilidade reduzida e de pessoas que não se sentem seguras em carregar bicicletas pela longa sequência de degraus metálicos.

"Esses filhos da mãe deveriam pelo menos uma vez na vida carregar uma bicicleta escada acima para entender o que estão propondo. Machistas, vilões! Simplesmente inviabilizam toda a ciclovia", disse indignada uma ciclista ao saber da novidade.

Além da escadaria na ponte João Dias, a concessionária também instalou uma escadaria para acessar a estação Santo Amaro, em substituição à rampa original, também interditada pela obra.

O desvio proposto pela concessionária utiliza toda a extensão de ciclovia do Parque Linear Bruno Covas (margem oeste), que também sofre com desvios causados por uma série de obras do governo paulista e da construtora JHSF. Por lá as bicicletas podem contornar as obras por trechos provisórios, alguns sem pavimentação e com lama, que margeiam a ciclovia original.

O fim do caminho alternativo termina 10,6 km depois, na altura da Vila Olímpia (zona sul), ponto onde uma passarela flutuante conecta as duas margens novamente.

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