De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu copom Banco Central Selic

Descubra como investidores estão se comportando

Acompanhar o comportamento dos investidores é importante para nos alertar sobre oportunidades

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Seguir o que os outros estão fazendo não é a melhor estratégia. No entanto, é importante acompanhar o comportamento dos diversos investidores para nos chamar a atenção se estamos deixando passar alguma oportunidade.

O acompanhamento das atitudes dos investidores é importante para nos alertar sobre oportunidades. Spencer Platt/Getty Images/AFP - AFP

Para acompanhar as atitudes dos investidores, uma alternativa disponível a todos é o relatório mensal de fundos da Anbima. O relatório é divulgado no 16º dia útil de cada mês e o último saiu na quarta-feira passada.

Esse relatório apresenta informações apenas sobre a indústria de fundos de investimentos, mas o que importa é a direção dos movimentos, intensidade e segmentos.

A captação em fundos de investimentos foi positiva até fevereiro deste ano, mas investidores realizaram movimentações entre as classes de investimentos: renda fixa, ações, multimercados e cambial.

Apesar de o Ibovespa ter atingido sua mínima no final de novembro do ano passado, investidores continuam saindo da classe de fundos de ações desde setembro de 2021.

Apesar de a bolsa se valorizar no ano, o mês de fevereiro apresentou o maior resgate dos últimos 12 meses. Apenas nos dois primeiros meses do ano, foram resgatados mais de R$ 20 bilhões de fundos de ações. Este volume representa 3,5% do valor investido nesta classe de fundos.

O volume aplicado em fundos de ações, ao final de fevereiro, caiu para o patamar de meados de 2020. Importante lembrar que naquele momento o valor em pontos do Ibovespa era menor que o atual. Portanto, a valorização das ações não foi suficiente para cobrir o valor resgatado.

A valorização da bolsa foi impulsionada pela entrada de investidores estrangeiros. Os investidores locais, na média, não se sentiram confortáveis com os riscos.

Apesar de os fundos multimercados, na média ganharem do CDI no ano, eles sofreram resgates ainda maiores que os em fundos de ações. No ano, o valor resgatado deles superou R$ 36 bilhões, que representam mais de 2,3% desta classe de investimento.

O destino destes resgates foram os fundos de renda fixa. O cenário é exatamente o contrário do que ocorreu no início de 2021. Naquele momento, com a Selic rendendo apenas o equivalente a 2% ao ano, investidores resgataram da renda fixa para aplicar em ações e multimercados.

Interessante observar que, mesmo com a queda sistemática do dólar que se desvalorizou quase 8% no ano até fevereiro, os fundos cambiais tiveram captação positiva em 2022.

Quando avaliamos os segmentos de investidores (private, varejo de alta renda e varejo), o varejo de alta renda se destaca como aquele que mais resgatou de ações e multimercados, proporcionalmente a seu portfólio.

Os investidores de varejo de alta renda reduziram, na média, em mais de 8% sua carteira de ações. Os investidores private reduziram em menos de 1% sua carteira de ações e os de varejo em apenas 3,5%.

Uma das maiores explicações para o rebalanceamento de ações e multimercado para renda fixa é o atual patamar da taxa básica de juros da economia.

Com as últimas altas na taxa Selic pelo COPOM, ela voltou ao mesmo patamar do início de 2017. Com a alta de mais 1% que o COPOM deve promover em maio, a taxa Selic deve atingir 12,75% ao ano. Esta taxa é similar àquela existente em 2016.

No final de 2016, o volume aplicado em fundo de ações era de 4,3% do total em fundos de investimentos. A maior proporção alocada em fundos de ações foi alcançada em 2020, quando superou 10%. Atualmente, o volume em fundo de ações representa 8,1% do total em fundos.

Se os investidores buscarem a mesma alocação que possuíam antes de 2018, ainda vamos ter bastante pressão de resgates no mercado de ações.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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