Por falta de conhecimento e ferramentas, o retorno acaba sendo o critério fundamental na escolha de fundos de ações. Investidores, usualmente, classificam os fundos nas plataformas pelo desempenho e escolhem o primeiro com maior retorno. Se retorno é o único critério disponível, considere duas outras métricas adicionais para evitar frustrações.
Quem não desejaria ter o retorno dos produtos que tiveram o melhor desempenho no passado?
No entanto, é importante entender que este retorno é passado. Se você aplica em um produto agora, o que você ganha é o que será apresentado no futuro.
O grande problema da seleção baseada apenas na classificação passada é que a cada período vai haver um novo primeiro lugar, e dificilmente ele se repete.
Muitas vezes, o primeiro lugar de um semestre passa a ser o último do semestre seguinte e vice-versa.
O erro está em acreditar que desempenho passado se repete. Pode até acontecer, mas como é dito nos rodapés dos produtos, não é garantido.
A métrica de retorno não é adequada para classificação.
Assim, a melhor informação que você pode extrair do retorno é a variabilidade dele, ou seja, o risco.
Costumo dizer que quando você investe em um fundo de ações, você não compra seu desempenho passado, mas apenas seu risco, ou a variabilidade usual que ele teve.
Assim, melhor que olhar apenas para os que subiram mais, olhe a variabilidade do desempenho em períodos menores. Por exemplo, a de retornos mensais.
Atualmente há plataformas gratuitas nas quais você pode extrair informações de variabilidade ou risco. Por exemplo, a Mais Retorno.
Prefira os fundos que tiveram melhor controle de risco.
Assim, em vez de preferir os que ganham mais quando o índice sobe, prefira os que perdem menos quando o Ibovespa cai.
Lembre-se, se um ativo se desvaloriza 50%, ele precisa subir 100% para repor o valor perdido. Ou seja, se proteger de perdas faz você recompor mais rápido o portfólio e acumular mais no futuro.
Não é à toa a celebre regra de Warren Buffett: Regra No 1 – nunca perca dinheiro; Regra No 2 – nunca esqueça a Regra No 1.
Outra métrica baseada em retorno é a consistência, por exemplo o número de meses que o fundo tem retorno positivo em relação ao número de meses em que ele tem retorno negativo.
Procure investir em fundos de ações com uma relação de 1,5. Ou seja, o número de meses com retorno positivo supera os negativos em pelo menos 50%.
Um investimento que fica oscilando muito entre positivo e negativo traz uma experiência ruim e, eventualmente, você pode acabar não suportando e saindo quando está próximo de uma nova alta.
Destaco que quando avalia produtos muito antigos, é importante avaliar se estas métricas estão piorando muito com o tempo.
Ressalto, novamente, que retorno não é adequado para se avaliar um fundo.
O ideal é se avaliar os 5 Ps do fundo, mas entendo que, muitas vezes, investidores em geral não possuem ferramentas para isso e regras simples podem ajudar na escolha.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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