Investidores de títulos referenciados ao IPCA já sentem o efeito da deflação observada no mês de julho. Esse efeito confunde o investidor que vê seu título de renda fixa tendo resultado negativo, enquanto as taxas de juros estão elevadas. Explico esse efeito e o que fazer.
O IPCA é o índice de preços, calculado pelo IBGE, que mede a inflação oficial no Brasil e atualiza grande parte dos títulos de renda fixa.
Usualmente, só vemos este índice subindo e muitas vezes acima do que esperamos. Mas, ele também cai em alguns meses.
Desde 1998, ou seja, em 282 meses, os preços de bens e serviços apresentaram queda em 9 meses. Sim, estes movimentos são raros. Ocorreram em apenas 3% dos meses nos últimos 24 anos.
Usualmente, a queda ocorre ou por motivo de desaceleração econômica ou por um choque de oferta. Entretanto, este não é o caso.
A queda do IPCA neste momento é provocada por um efeito pontual de redução de impostos, especificamente, o ICMS.
Segundo estimativa da Anbima, o IPCA do mês de julho, a ser divulgado na próxima semana, deve ser de -0,66%.
Apesar de esse número ainda ser uma expectativa, o mercado financeiro convenciona a atualização dos títulos de renda fixa por esta projeção, até o número real ser divulgado.
Quando investimos em um título referenciado ao IPCA, o objetivo é a proteção contra a inflação. É certo que a inflação será positiva neste ano e nos próximos. Portanto, em momentos, como esse é importante ter uma visão de longo prazo para não cometer erros.
O efeito de queda do IPCA será concentrado nos meses de julho e agosto. Logo depois, a inflação deve retomar.
Na média dos últimos 15 anos, um título que rende IPCA + 3% ao ano ganhou do CDI e da Selic. Nesse mesmo período, em apenas três anos um título que rende IPCA + 5,5% ao ano perdeu do CDI no ano específico.
Os títulos referenciados ao IPCA são como um seguro para sua carteira. Eles garantem o poder de compra do portfólio no longo prazo. Assim, alguma participação neles é sempre relevante em uma carteira com horizonte de mais de dois anos.
Portanto, cuidado para não tomar decisões de investimento olhando apenas o curto prazo, quando seu horizonte é longo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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