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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Apesar do corte na taxa Selic, investidores ainda reduzem risco

Investidores ainda reagem aos frustrantes retornos dos últimos anos

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O investidor brasileiro está desiludido com as alternativas de risco no Brasil. Esta é a conclusão que se extrai do relatório de fundos de investimentos da Anbima divulgado nesta última terça-feira. A dúvida é se os investidores ainda estão respondendo ao frustrante retorno passado ou se a desilusão é com a perspectiva.

Investidores ainda reagem aos retornos frustrantes dos últimos anos. REUTERS/Brendan McDermid/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

O relatório de fundos de investimentos divulgado pela Anbima aponta que as categorias de fundos de ações e multimercados continuam apresentando resgates líquidos.

Em nenhum dos meses de 2023 houve captação líquida positiva para os fundos de ações. Já os fundos multimercados teriam o mesmo resultado negativo não fosse uma inexpressiva captação líquida no mês de maio.

Mesmo com o início do ciclo de queda da Selic no dia 2 de agosto, quando a Selic caiu para 13,25% ao ano, investidores continuaram resgatando de fundos de ações e multimercados neste mês de agosto até a última sexta-feira, dia 4 de agosto.

Acredito que o desânimo com a exposição ao risco pode ser explicado pelos resultados passados. O investidor costuma ser reativo aos resultados que observa.

Vamos primeiro avaliar os fundos multimercados. Na média, representada pelo índice de fundos multimercados da Anbima, o IHFA rende no ano menos de 70% do CDI. No acumulado desde o final de 2019, ou seja, em mais de três anos acumulados, o IHFA perde do CDI.

Com a categoria de ações o passado também não foi favorável. Desde 2019, o Ibovespa apresentou uma modesta valorização de apenas 3,2%. No ano, o retorno acumulado até o dia de hoje apenas se iguala ao CDI. Antes que me perguntem, o índice já considera reinvestimento de dividendos. Portanto, este é o retorno total de ganho de capital e de dividendos.

Com os resgates nos últimos meses, o montante total de investimentos alocados em fundos de ações caiu para R$ 551,4 bilhões em julho. Em dezembro de 2019, esse volume era de R$ 730,6 bilhões. Portanto, uma perda de patrimônio de 24,5%.

Com estes resgates, a participação de fundos de ações na indústria total de fundos está similar ao que era observado no final de 2018. A proporção de fundos de ações na indústria de fundos é de apenas 6,9%.

Os investidores do segmento Private são os que possuem maior exposição ao mercado de ações. Do total de fundos, eles possuem 18% em fundos de ações. Já os investidores de varejo possuem apenas 4,3% de seus fundos alocados em ações.

Como o investidor costuma ser reativo, acredito que esta tendência de resgates deve se reverter apenas com a Selic caindo abaixo de 10%, ou seja, a partir do segundo semestre de 2024.

Entretanto, se você é um investidor com maior apetite ao risco, não espere os outros aplicarem para você iniciar seus aportes, ou você pode perder parte do movimento que deve ocorrer como consequência da queda dos juros. Também, não realize todo o investimento de uma única vez. Aproveite as quedas para realizar pequenos aportes.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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