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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Parece que a teoria de diversificação nos investimentos não está funcionando; o que fazer?

Uma carteira diversificada de investimentos perde pelo terceiro ano consecutivo do CDI

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Acredito que todos já ouviram falar que a diversificação é uma importante estratégia nos investimentos. Por meio dela seria possível melhorar o balanço entre retorno e risco no portfólio. Entretanto, a prática tem mostrado o contrário nos últimos três anos e muitos investidores têm abandonado esta estratégia.

Uma carteira diversificada de investimentos perde pelo terceiro ano consecutivo do CDI. REUTERS/Brendan McDermid/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

Já se passaram nove messes do ano e novamente uma carteira diversificada perde do CDI em 2023. Esse pode ser o terceiro ano consecutivo que o fato se repete.

Estes três anos foram angustiantes para a maioria dos investidores que diversificaram investimentos.

Considere um portfólio moderado formado por 60% em renda fixa dividido igualmente entre os principais índices de renda fixa: referenciado ao CDI, prefixado, referenciado ao IMAB5 e referenciado ao IMAB5+. O IMAB5 e o IMAB5+ são os índices de renda fixa formados por títulos públicos federais referenciados ao IPCA com vencimento menor que cinco anos e maior que cinco anos, respectivamente.

Os outros 40% foram divididos igualmente entre as seguintes alternativas de risco: fundos multimercados, Índice de fundos Imobiliários da B3, Ibovespa e o S&P500 em dólar, ou seja, agregado ao efeito da moeda.

Retorno anual das principais classes de ativos que os brasileiros investem.
Retorno anual das principais classes de ativos que os brasileiros investem. - Michael Viriato

Acima, apresento o retorno dos ativos que formariam essa carteira ao longo dos últimos 11 anos e os respectivos pesos atribuídos.

A tabela a seguir mostra o retorno que esse portfólio diversificado teria apresentado nos últimos 11 anos. Na terceira coluna há o retorno relativo ao CDI.

Retorno anual Portfólio diversificado % CDI
2023 9,4% 95,4%
2022 4,7% 38,1%
2021 2,5% 56,0%
2020 8,3% 299,4%
2019 20,5% 344,0%
2018 10,1% 157,6%
2017 15,6% 156,8%
2016 20,4% 146,0%
2015 11,8% 89,0%
2014 10,4% 95,9%
2013 2,3% 28,9%

A maioria dos investidores brasileiros não está acostumada a perder do CDI por um mês. Três anos, então, parecem uma eternidade.

Diversificar com os altos juros que temos no Brasil, sem dúvida, é um teste de paciência.

Perceba que um período de três anos consecutivos de perdas do CDI também ocorreu entre 2013 e 2015. Portanto, não estamos vivenciando algo único.

Também é importante notar que os anos seguintes, ou seja, 2016 a 2020, foram de ganhos em excesso ao CDI.

Ressalta-se que o resultado que teremos nos próximos anos pode ser similar a este período passado. Isso se justifica, pois devemos ter um ciclo de queda forte de taxas de juros a frente.

Portanto, cuidado ao jogar a toalha justamente quando podemos estar próximos de uma virada. Entretanto, se está difícil suportar a volatilidade mensal dos retornos, reduza a exposição ao risco.

A maior incerteza neste momento é o mercado internacional. Entre 2016 e 2020, o mercado internacional foi favorável e ajudou nosso mercado de risco. Entretanto, podemos não ter a mesma ajuda agora. O processo de alta nas taxas de juros nos EUA ainda não terminou e elas estão no maior patamar dos últimos 15 anos.

Para aqueles mais conservadores, não se angustiem em não ter risco. Depois de 11 anos de altos e baixos no portfólio diversificado, ele foi suficiente para render apenas 103,8% do retorno do IMAB5.

Portanto, com nossos altos juros, o retorno de uma carteira de CDBs referenciados ao IPCA com vencimentos até cinco anos tem capacidade de apresentar resultado similar a uma carteira diversificada com risco. Você pode perder algumas altas, mas vai se livrar dos tombos que ocorrem com frequência em nosso mercado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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