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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic

Eles conseguiram retorno acumulado entre 15% e 20% ao ano por mais de uma década e não foi com ações

Antes restritos aos investidores com grandes fortunas, investimentos alternativos têm se popularizado

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Quando pensamos em investimentos financeiros, logo nos vem à mente os tradicionais: renda fixa e ações. Entretanto, uma outra classe de investimentos, mais desenvolvida internacionalmente, tem ganhado corpo no Brasil. São os investimentos alternativos. E neste tipo de investimento, uma gestora se destacou na última década, a Jive Investiments.

Guilherme Ferreira é sócio da Jive Investments.  Guilherme ingressou na Jive vindo do Lehman Brothers, onde trabalhou na mesa de renda fixa da América Latina após anos atuando como advogado com foco em direito empresarial no Brasil e em Nova York. Ele é formado em direito pela  Universidade de São Paulo (USP) e é mestre em direito (LLM) pela Columbia University em Nova York.
Guilherme Ferreira é sócio da Jive Investments. Anteriormente, ele trabalhou no Lehman Brothers na mesa de renda fixa da América Latina após anos atuando como advogado com foco em direito empresarial no Brasil e em Nova York. Ele é formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e é mestre em direito (LLM) pela Columbia University em Nova York. - Guilherme Ferreira

Para explicar melhor estes investimentos alternativos, entrevistei Guilherme Ferreira, sócio da Jive Investiments. Ferreira é advogado por formação e é um dos fundadores da Jive.

Lembra quando em 2008 o mundo financeiro quase colapsou com a quebra do banco americano Lehman Brothers? Aquela foi a semente para o nascimento dessa gestora.

Ela nasceu em 2010 com a aquisição dos ativos da Lehman no Brasil. Por sua condição, estes ativos são conhecidos pelo nome em inglês Distressed Assets (ativos estressados). Na entrevista, Guilherme explica o que são estes investimentos os quais a gestora possui maior experiência.

Naquele momento, eles compraram a carteira de crédito do banco por apenas R$ 27 milhões, mas que tinha um valor nominal de R$ 850 milhões, ou seja, quase 97% de desconto de seu valor de face.

Este é o tipo de investimento que uma pessoa física dificilmente conseguiria fazer sozinha devido a escala e a ausência de experiência jurídica para analisar se é um bom negócio e a que preço. Sem contar a experiência na execução.

De fato, poucos no Brasil têm essa capacidade, tecnologia e experiência. Por esse mesmo motivo, há mais oportunidades não exploradas e o retorno potencial é maior.

Em sua história, apenas em poucos momentos a Jive permitiu que investidores fizessem aplicações em um de seus fundos. Os fundos não são como os tradicionais em que é possível aplicar e resgatar a qualquer momento. Janelas de investimento ocorreram em cada 3 a 4 anos de intervalo.

O último fundo abriu no início de 2023. Até a última quarta-feira (8 de novembro), ele se valorizou no ano 17,53%, o equivalente a 160% do CDI. Neste mesmo período, o Ibovespa subiu 9,21% e a média dos fundos multimercados, 4,21%.

Em sua história, os quatro fundos renderam entre 160% e 200% do CDI.

Além de terem superado os retornos de investimentos tradicionais, eles também atuaram em benefício de uma redução de risco, pois os ativos que eles investem são descorrelacionados com o mercado.

Ou seja, eles ganham até mais quando os outros perdem. E é com a explicação que inicio a entrevista com Guilherme.

É verdade que vocês costumam ganhar quando a maioria dos outros gestores tradicionais estão perdendo? Como isso ocorre?

Sim, é verdade que nosso fundo costuma ganhar dinheiro quando os outros passam dificuldade por dois motivos.

Primeiro, nossos investimentos costumam ser anticíclicos. Por exemplo, para nós mais oportunidades surgem quando existe inadimplência, como, a que houve este ano com Americanas e Light e outras, ou por falta de liquidez, por exemplo, que acontece quando há alta de juros.

Nestes momentos, há quedas de preços dos ativos, os gestores tradicionais perdem e surgem oportunidades em ativos estressados. Ou seja, muitas vezes estamos operando em sentido contrário de outros gestores.

O segundo motivo é a descorrelação característica dos nossos investimentos. Nossos investimentos são mais dependentes de constituirmos créditos com boas garantias que possuam valor intrínseco superior ao custo de aquisição do que em acertar a direção para onde vai o dólar, a Bolsa ou até mesmo se a economia está em maior ou menor expansão.

Ou seja, ao contrário dos gestores de ativos tradicionais, nossa estratégia não depende de acertarmos o cenário para onde as variáveis macroeconômicas devem se direcionar. Mas, de fazer investimentos que se comportem bem em um grande espectro destas variáveis, pois são pouco dependentes delas.

Vocês investem e são especializados em ativos estressados (Distressed assets) e Special Situation. O que são estes investimentos?

Ativo estressado é aquele que está fora da sua condição normal. Por exemplo, um crédito que está atrasado, ou um imóvel que tem algum problema de ocupação, jurídico ou ambiental.

O valor verdadeiro destes ativos fica ocultado por algum problema e, enquanto este problema não for sanado, ele é negociado com um grande desconto, oferecendo uma ótima oportunidade de investimento.

Dizemos que uma empresa está em "special situation" quando ela está passando por um tipo de evento disruptivo, seja corporativo, como uma fusão, aquisição ou reestruturação, seja financeiro, como uma recuperação judicial, ou até estratégico, como uma mudança no seu mercado.

Nessas situações, a empresa costuma ter necessidade de capital rápido para superar o desafio momentâneo ou aproveitar a oportunidade. Por sua condição, essas empresas estão dispostas a remunerar este capital com retornos excepcionais.

Por isso, o potencial de retorno nestes investimentos é elevado.

Falando nisso, qual o retorno esperado e o risco destes ativos?

Fundos de Distressed e Special Situations buscam retornos elevados, geralmente acima de 20% ao ano, para compensar o investidor pelos riscos e pela falta de liquidez de curto prazo.

Existem diferentes abordagens, sendo que alguns fundos focam em transações específicas ou em apenas uma classe de ativos, como crédito, imóveis ou precatórios. Outros fundos preferem uma abordagem mais ampla, que tenta capturar o retorno da classe de ativos como um todo, como nós fazemos na Jive.

A filosofia é que, diversificando em créditos atrasados, financiamento a empresas em situação especial, imóveis e ativos judiciais, conseguimos obter retornos consistentes e com menos risco e menos volatilidade do que produtos que focam somente em uma operação ou classe de ativos.

Qual o horizonte de investimento e liquidez que o investidor deve atentar neste tipo de investimento?

A maioria dos fundos desta classe tem prazo longo, de 5 anos ou mais. A liquidez acontece geralmente após o terceiro ano, conforme os ativos são recuperados ou vendidos e o capital é devolvido aos investidores com o retorno.

Como o investidor pode investir nestes produtos? Ele pode investir diretamente?

Esta é uma classe de ativos que até recentemente era exclusiva para grandes investidores institucionais como fundações, fundos soberanos e clientes com grandes fortunas.

Há alguns anos começaram a surgir produtos disponíveis para investidores pessoa física.

Hoje, as principais plataformas de investimento oferecem periodicamente produtos com este perfil para seus clientes, ainda que limitados aos investidores qualificados, ou seja, aqueles que têm um milhão de reais ou mais em ativos financeiros.

Apesar de ser possível investir diretamente em alguns dos tipos de ativos que estes fundos compram, o recomendado ao investidor que não tenha vasta experiência financeira e jurídica é que escolha um gestor de sua confiança e invista através dele.

Por que estes investimentos são uma boa alocação para um portfólio?

Estes investimentos são uma boa alocação para um portfólio porque eles trazem diversificação, descorrelação e expectativa de retorno elevado.

Diversificação porque a maioria das aplicações dos investidores ainda é muito focada nos produtos tradicionais como renda fixa, ações e fundos multimercado.

Descorrelação porque, na grande maioria das vezes, o retorno dos investimentos estressados é pouco afetado pelo que está acontecendo no resto do mercado financeiro.

Isso significa que a carteira do investidor não vai se movimentar inteira na mesma direção caso ocorra um evento extraordinário como foi a pandemia, ou para falar de algo mais local, como a greve dos caminhoneiros ou o vazamento dos áudios do Joesley Batista.

A terceira vantagem é que estes produtos têm retorno esperado elevado, principalmente em horizontes de longo prazo.

Quais os diferenciais da Jive como gestora para estes produtos?

A Jive é pioneira na originação, aquisição, gestão e recuperação de ativos estressados e em situação especial.

São mais de 13 anos comprando créditos atrasados, imóveis com problemas e ativos judiciais e financiando empresas em situações especiais.

Temos um track record de retornos expressivos aos nossos investidores e construímos uma plataforma única no país, com muita tecnologia, dados e expertise para transformar riscos em oportunidades com retornos superiores para nossos investidores, acionistas e a sociedade.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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