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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Banco Central juros Selic

Em apenas dois dias de novembro, renda fixa recupera toda a perda de outubro

Pressão negativa no mercado de renda fixa começa a se dissipar e títulos disparam

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O inverno para a renda fixa referenciada ao IPCA e prefixada parece estar ficando para trás. Desde agosto, os títulos referenciados à inflação tiveram desempenho abaixo do CDI ou até negativo. Entretanto, as notícias positivas nestes dois primeiros dias úteis de novembro, já reverteram o resultado negativo de outubro. Mas, ainda tem mais rendimento bom por vir.

Pressão negativa no mercado de renda fixa começa a se dissipar e títulos disparam. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Esse movimento de recuperação dos títulos de renda fixa não foi exclusivo no mercado brasileiro. Os títulos públicos federais americanos de 10 anos de vencimento também recuperaram a perda de outubro nestes primeiros dias de novembro.

As taxas de juros dos títulos americanos com vencimento mais longo caíram desde quarta após o comunicado do FED. O mercado gostou do comunicado no qual o presidente do FED, Jerome Powell afirmou:

"…the tighter financial conditions we're seeing from higher long-term rates but also from other sources like the stronger dollar and lower equity prices could matter for future rate decisions..." (as condições financeiras mais restritivas que vivenciamos devido às taxas de longo prazo mais elevadas e, também, a partir de outras fontes, como o dólar mais forte e os preços mais baixos das ações, podem ser importantes para futuras decisões sobre taxas).

Essa afirmação tranquilizou o mercado de que o FED estaria mais sensível à queda de preços dos títulos de renda fixa e de ações e, assim, interrompa a alta dos juros de curto prazo.

Isso foi suficiente para reverter os movimentos negativos de preços tanto na renda fixa quanto na Bolsa.

Na sexta, dados econômicos americanos apontando uma desaceleração do crescimento, deram ao mercado maior convicção de que os juros de curto prazo devem parar de subir e isso derrubou ainda mais os juros de longo prazo.

Na sexta-feira foi divulgada a pesquisa PMI de serviços e dados do mercado de emprego americanos. Ambos, trouxeram indicações piores que a esperada, indicando uma desaceleração econômica. Embora estas notícias signifiquem menor crescimento e sejam levemente negativas para a economia e para as empresas, a possibilidade de menor aumento de juros tem impacto mais forte neste instante.

No Brasil, o COPOM, na quarta-feira, também confirmou a tendência de queda da Selic e favoreceu o movimento de queda dos juros de vencimentos de longo prazo. Estes tinham subido nos últimos três meses derrubando os preços dos títulos. No comentário do COPOM:

"os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário."

A mensagem deixa claro que em 31 de janeiro de 2024, a taxa Selic Meta deve ser de no máximo 11,25% ao ano. Se o COPOM mantiver o passo no primeiro semestre de 2024, a taxa Selic estará em 9,75% ao ano em 19 de junho de 2024.

Com estas notícias positivas no cenário nacional e internacional, o IMAB-5 e IMAB5+ se valorizaram 0,4% e 0,9% nos primeiros dois dias úteis de novembro, respectivamente. No mês de outubro, os dois índices se desvalorizaram -0,3% e -0,8%, respectivamente.

O IMAB-5 e IMAB-5+ são os índices de títulos públicos federais referenciados ao IPCA com vencimento menor que cinco anos e maior que cinco anos, respectivamente.

Um movimento tão intenso em dois dias, contrário e de mesma magnitude da variação observada em um mês inteiro, sinaliza que o mercado se encontrava como uma mola pressionada pela visão negativa e que precisava de muito pouco para liberar parte da energia potencial armazenada. Os candidatos ao Enem deste domingo sabem bem do que estou falando.

Apesar da forte alta deste início de mês, ainda resta aos títulos de renda fixa recuperar o atraso dos meses de agosto e setembro, além da perda econômica do juro básico. Portanto, ainda há um bom prêmio nas taxas de juros e este prêmio deve ser recuperado nos próximos meses, como sinalizei nos últimos artigos.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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