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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Índice de dividendos rende quase 3 vezes mais que o Ibovespa, mas ainda perde de um CDB

Aqueles que desejam viver de renda passiva no Brasil, negligenciam a renda fixa e pagam por isso

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Investir com o objetivo de viver de renda passiva é um desejo comum entre os investidores. Muitos deles se concentram nas ações, particularmente nas mesmas que formam o IDIV - Índice de Ações Pagadoras de Dividendos, que agrega empresas conhecidas por possuírem boa remuneração aos acionistas. Com o apelo do mercado de ações, muitos investidores que buscam renda passiva negligenciam uma alternativa importante no mercado brasileiro, a renda fixa.

Aqueles que desejam viver de renda passiva no Brasil, costumam negligenciar um ativo que tem melhor balanço de retorno por risco. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK506 - REUTERS

Usualmente, aprendemos a investir por meio de literatura internacional. Lá fora, um investidor moderado possui em geral 50% ou mais em ações. Estes, constroem portfólios de ações pagadoras de dividendos para que seus recursos tenham recomposição do poder de compra, ou seja correção da inflação e um ganho real mais elevado.

Eles fazem isso, porque o rendimento real, ou seja, aquele acima da inflação na renda fixa costuma ser muito baixo. Nos EUA, o rendimento real médio de títulos de 10 anos foi de 1,45% ao ano nos últimos 25 anos.

Portanto, a saída dos investidores americanos na busca por um rendimento real maior é por meio de ações. Muitas vezes, as pagadoras de dividendos são as escolhidas pois costumam ser empresas mais maduras, logo, mais conservadoras.

No Brasil, o mercado de renda fixa é diferente. Essa é uma grande vantagem para você investidor.

Vamos entender como foi o desempenho do índice de dividendos desde sua criação em 2005 e se vale a mesma questão de proporcionar maior ganho real.

O IDIV rendeu 742,2% desde 2005. Se você investiu R$ 120 mil naquele ano, hoje teria um montante de pouco mais de R$ 1 milhão.

No mesmo período, o Ibovespa se valorizou apenas 275,8%. Portanto, o IDIV se valorizou 2,69 vezes mais que o Ibovespa.

Não é à toa o apelo de ações pagadoras de dividendos no Brasil.

Reforço, os retornos acima já incluem o reinvestimento de dividendos.

Pergunta, dentre os retornos abaixo, você seria capaz de afirmar qual o rendimento anual seria equivalente a este do IDIV (742,2%) em 18 anos:
a) IPCA+6,6% ao ano
b) IPCA+8,6% ao ano
c) IPCA+10,6% ao ano
d) IPCA+12,6% ao ano

Sim, mesmo esse desempenho impressionante do IDIV poderia ser superado por um simples CDB. Este fato destaca a importância da renda fixa no portfólio de um investidor brasileiro, especialmente para aqueles que buscam estabilidade e previsibilidade nos seus retornos.

Apesar de ser um resultado muito bom, o rendimento do IDIV nos últimos 18 anos foi equivalente ao de um CDB com retorno de IPCA+6,61% ao ano. O investidor que aplicou em um CDB a IPCA+7% ao ano teve resultado ainda melhor neste período de 18 anos.

Não sou contra a aplicação em ações. Investir em ações pagadoras de dividendos oferece a vantagem de potencial de crescimento do capital. No entanto, essas ações estão sujeitas à volatilidade do mercado e podem ser afetadas por fatores econômicos e empresariais.

Em contraste, um CDB oferece uma taxa de retorno fixa e é um investimento mais seguro, com menor risco de perdas.

Com as altas taxas de juros que temos no Brasil neste momento, a escolha de pesos entre ações e renda fixa deve ser muito bem refletida.

Não me admiraria que aqueles que investem em debêntures, CRIs, CRAs isentos de IR, com retorno de IPCA+7% ao ano e com prazo de 10 anos tenham um resultado melhor que os que se arriscam no mercado de ações.

A história mostra que o balanço de retorno por risco pende muito mais para a renda fixa.

Achar o equilíbrio entre risco e retorno e ponderar adequadamente os ativos é a chave para alcançar a sustentabilidade e independência financeira a longo prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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