De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Vale usar todo o patrimônio financeiro de uma vida para investir no imóvel dos sonhos?

Muitas vezes, o investidor deve ponderar qual conforto prefere: o do imóvel ou da aposentadoria

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Ao ponderar a decisão de adquirir um imóvel, é crucial considerar como isso pode comprometer o capital disponível para a aposentadoria futura. Se o imóvel não apresentar uma valorização comparável a investimentos de renda fixa, o comprometimento do patrimônio financeiro atual para aquisição pode impactar negativamente a renda esperada na aposentadoria.

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Muitas vezes, o investidor deve ponderar qual conforto prefere: o do imóvel ou da aposentadoria. - Divulgação

Frequentemente, recebo essa dúvida por e-mail: faz sentido usar todos os meus investimentos construídos com esforço ao longo de uma vida para satisfazer um sonho de morar melhor? Na pergunta, parece que as pessoas já sabem que não estariam agindo de forma adequada se o fizessem.

Investir em imóveis muitas vezes é motivado pelo desejo cultural e social de possuir um lar, associando-o à estabilidade e sucesso. Dessa forma, muitas vezes, queremos ter algo maior do que nosso patrimônio e renda recomendariam.

Racionalmente, esse desejo pode não se alinhar às melhores práticas de planejamento financeiras.

Ter a posse não significa nada. O que importa é o uso do bem. Assim, o custo de uso deve ser avaliado contra sua renda. Também, o custo da posse deve ser sempre ponderado com alternativas de investimento do patrimônio financeiro.

A diversificação é uma prática sólida na gestão de investimentos. Tradicionalmente, especialistas sugerem que a alocação em imóveis não deve exceder 30% do portfólio total. Isso é fundamentado na premissa de que, ao manter uma variedade de ativos, o investidor pode mitigar riscos específicos do setor imobiliário e equilibrar o desempenho global da carteira.

Investir toda ou grande parte da reserva acumulada por uma vida em um único imóvel pode resultar em uma concentração excessiva, tornando o patrimônio mais vulnerável às oscilações do mercado imobiliário.

Essa abordagem pode comprometer a segurança financeira, pois você está suscetível a um único ativo.

Ao considerar o potencial de retorno, é crucial avaliar como a valorização de um imóvel se compara a outras opções no mercado financeiro.

O patrimônio financeiro, ao ser bem investido em ativos financeiros, pode oferecer retornos mais estáveis e líquidos, fundamentais para sustentar um plano de aposentadoria.

Dependendo do cenário econômico, a falta de liquidez associada a um investimento imobiliário pode prejudicar a capacidade do investidor de atender às necessidades financeiras na aposentadoria.

A renda do investidor desempenha um papel crucial na determinação da porcentagem adequada para investir em imóveis. A regra geral sugere que o valor investido em propriedades não deve exceder a renda anual do investidor multiplicada por um fator prudente, como 2 ou 3. Isso assegura que o investidor não comprometa excessivamente sua capacidade financeira e mantenha uma margem de segurança significativa.

Por exemplo, se um investidor possui uma renda anual de R$ 200 mil, a alocação em imóveis pode variar de R$ 400 mil a R$ 600 mil. Isso ajuda a evitar que uma parte significativa da renda seja vinculada a ativos ilíquidos, proporcionando flexibilidade financeira.

Entendo que muitas vezes queremos morar naquele imóvel dos sonhos que em nossa cabeça traria uma sensação confortável, mas é preciso ponderar se ter uma aposentadoria tranquila não traria ainda mais conforto.

O custo de oportunidade ao investir toda a reserva em um imóvel é significativo, particularmente em relação a um plano para a aposentadoria.

Manter a liquidez permite ao investidor aproveitar oportunidades de investimento que surgem e ajustar sua estratégia conforme as condições econômicas evoluem. Por exemplo, se aproveitar das taxas de juros mais altas de longo prazo neste momento. A inflexibilidade associada a investimentos imobiliários pode limitar a capacidade de otimizar o patrimônio ao longo do tempo.

Além disso, a decisão de comprar um imóvel para morar deve levar em consideração a flexibilidade associada ao aluguel. Optar por alugar em vez de comprar proporciona uma mobilidade financeira valiosa. Em momentos de mudança de emprego, cidade ou necessidades familiares, a opção de aluguel oferece a liberdade de se adaptar rapidamente, sem os encargos e limitações associados à propriedade.

Racionalizar a decisão de adquirir um imóvel envolve avaliar cuidadosamente as implicações financeiras a longo prazo. Considerar alternativas de investimento, avaliar o potencial de valorização, ponderar a flexibilidade oferecida pelo aluguel e questionar as motivações emocionais por trás do desejo de possuir uma propriedade são passos essenciais para uma decisão financeira informada.

Em última análise, equilibrar o sonho da propriedade com uma abordagem pragmática pode resultar em escolhas financeiras mais sólidas, preservando o capital necessário para uma aposentadoria confortável e adaptável às mudanças inevitáveis ao longo da vida.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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