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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Como fazer a renda fixa render mais? Parte 3

O mercado de renda fixa evoluiu e, agora, o investidor tem de analisar melhor sua escolha

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Nos últimos 25 anos, o mercado de investimento brasileiro sofreu uma grande evolução. Lembro quando comecei a trabalhar na mesa de renda fixa de um grande banco nacional, em 1998, as operações se resumiam a passar o dinheiro no overnight, eventualmente o prefixado de até um ano e a escassas emissões privadas.

O mercado de renda fixa evoluiu e agora o investidor tem de fazer analisar melhor sua escolha. - Getty Images via AFP

Enquanto o problema no passado era a falta de opção, o investidor de renda fixa enfrenta hoje o sentimento oposto.

Há pelo menos três fatores para o investidor de renda fixa escolher para melhorar os retornos de sua carteira: emissor, prazo de vencimento e indexador.

Entender o que influencia o resultado de um título de renda fixa é o primeiro passo para escolher qual tipo de título de renda fixa pode apresentar melhor resultado e, assim, elevar o retorno esperado.

Para os dois primeiros fatores, ou seja, emissor e prazo, o investidor pode elevar o retorno de suas aplicações de renda fixa investindo em títulos emitidos por bancos ou empresas, ou seja, emissores privados e elevando o prazo de vencimento dos títulos.

Por exemplo, enquanto um título público federal rende em média IPCA+5,4% ao ano, bruto de IR, bons emissores privados possuem taxas de IPCA+6,5% ao ano isenta de IR.

Se engana quem acha que a diferença é de apenas 1%. Esse título isento equivale a um retorno bruto de IR de IPCA+8,3% ao ano. Portanto, a diferença entre os dois se aproxima de 3% ao ano.

Quando pensamos em indexador, os investidores conscientes sabem que devem reduzir exposição ao CDI e Selic, pois sabem que estes indexadores terão retorno muito menor em breve. A dúvida surge entre o prefixado e o referenciado ao IPCA.

Com a inflação mais baixa que o esperado, desde o segundo semestre de 2022, investidores se questionam se o título prefixado poderia ser uma alternativa interessante ao referenciado ao IPCA.

Para explicar como você pode decidir entre a remuneração prefixada e IPCA, usarei os títulos públicos do Tesouro para a comparação, pois fica mais fácil isolar este fator dos outros dois que são o emissor e prazo.

Entretanto, o mesmo raciocínio abaixo pode ser empregado para títulos privados. Mas, é importante que na comparação eles possuam o mesmo prazo e sejam de emissores com risco de crédito equivalente.

O processo de escolha entre o título prefixado e o referenciado ao IPCA é simples, mas vai exigir que você construa um cenário em relação ao que há implícito nas curvas de juros em cada momento até o vencimento do título. O site da Anbima te ajuda neste cálculo.

A Anbima atualiza, diariamente, a tabela abaixo, disponível no link. Nesta tabela encontrará a taxa equivalente para o Tesouro IPCA e Tesouro prefixado para cada prazo.

Dias úteis Taxas IPCA (% aa) Taxas Pré (% aa) Inflação Implícita (% aa)
252 5,72 9,96 4,01
378 5,38 9,75 4,14
504 5,24 9,72 4,26
630 5,19 9,78 4,36
756 5,19 9,88 4,46
882 5,21 9,98 4,54
1.008 5,23 10,08 4,61
1.134 5,25 10,17 4,67
1.260 5,27 10,25 4,73
1.386 5,30 10,33 4,77
1.512 5,33 10,39 4,81
1.638 5,35 10,44 4,84

Na última coluna desta tabela, há a taxa de inflação implícita no título prefixado que faz ele ser equivalente ao referenciado ao IPCA, de mesmo vencimento. A deliberação entre IPCA ou prefixado reside em como sua perspectiva diverge desta inflação implícita.

Vamos usar, por exemplo, os títulos com vencimento em cinco anos (2029), ou seja, 1260 dias úteis para ilustrar.

Se você acredita que a inflação nos próximos cinco anos será superior 4,73% ao ano, você deve preferir o título referenciado à inflação. Mas, se você acha que a inflação, nos próximos cinco anos, será inferior a 4,73% ao ano, deve preferir o título prefixado.

A rentabilidade do título prefixado é a composição da taxa do Tesouro IPCA e da inflação implícita. Por exemplo, no caso do Tesouro Prefixado 2029: 10,25% = (1 + 0,0473) * (1 + 0,0527) – 1.

Ressalto que é relevante considerar além do retorno os riscos de saltos inflacionários que ocorrem no Brasil. Nos últimos 20, 10, 5 e 3 anos, a inflação média anual foi superior 5% ao ano. Portanto, embora a inflação tenha sido baixa no segundo semestre do ano passado, sempre existe os riscos de saltos como os que ocorreram no passado.

O título referenciado ao IPCA tem essa segurança. Portanto, além do retorno, a segurança tem um prêmio.

Nesse momento, a inflação implícita nos títulos parece muito justa, mas considerando os riscos, acredito que os títulos referenciados ao IPCA ainda ofereçam um melhor balanço de retorno por risco.

Nesse sentido, para elevar os retornos de sua renda fixa, títulos privados isentos de IR e de longo prazo oferecem um balanço de retorno por risco ainda melhor. Também há alternativas de fundos de investimentos que investem nestes títulos e que, além de possuírem os mesmos benefícios, ainda adicionam a vantagem de uma equipe de especialistas para seleção e acompanhamento dos títulos.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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