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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Nos últimos 20 anos, Tresaury de 10 anos americana perde da renda fixa brasileira

Não é por que se está aplicando em algo diferente que se pode justificar como benefício de diversificação

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O termo diversificação tem sido cada vez mais indiscriminadamente utilizado para justificar investimentos que não parecem razoáveis. Sim, diversificar é importante, mas deve-se ter em mente a perspectiva de retorno, risco e a carteira de investimentos para que ela faça sentido.

Não é por que se está aplicando em algo diferente que se pode justificar como benefício de diversificação. (Photo by ANGELA WEISS / AFP) - AFP

A popularização de investimentos internacionais é, sem dúvida, um grande benefício para os investidores brasileiros.

Hoje, qualquer indivíduo com quase qualquer recurso, por exemplo, com apenas R$ 500,00 já pode abrir uma conta em corretora internacional e ter à sua disposição uma infinidade de produtos pelo mundo. Isso é fantástico.

Entretanto, muitos se portam como crianças quando entram em um quarto lotado de brinquedos. A vontade é de ter tudo o que não se teve acesso antes.

Portanto, essa popularização traz alguns riscos de escolhas erradas.

Muitos investidores agora que possuem a chance antes muito distante de investir em títulos públicos federais americanos, as Treasuries, acham que precisam aplicar nelas para "diversificar".

Entretanto, a maioria destes investidores não está diversificando como é o conceito da palavra, mas, de fato, está apenas elevando o risco de seus portfólios.

Sabemos que a grande maioria dos investidores brasileiros investe apenas em renda fixa.

CDI Tesouro Prefixado (IRFM) Tesouro IPCA Curto (IMAB-5) Tesouro IPCA Longo (IMAB5+) Treasury 7 a10 anos (IEF)
2 anos 12,7% 12,6% 10,9% 11,0% -12,7%
3 anos 9,9% 7,5% 8,8% 4,8% -7,5%
5 anos 7,6% 8,2% 9,5% 9,6% 4,8%
10 anos 9,2% 10,8% 11,2% 12,8% 9,2%
15 anos 6,9% 8,1% 8,6% 9,7% 5,3%
20 anos 10,7% 12,0% 12,6% 14,3% 6,0%

Para estes, a aplicação nas Treasuries teria se mostrado um péssimo negócio quando avaliamos os últimos 20 anos ou qualquer janela passada. E não preciso nem comentar do risco maior destas.

A tabela acima mostra o retorno dos principais índices de renda fixa brasileiros e da Treasury de 7 a 10 anos americana, representada pelo ETF IEF. O retorno é mostrado ao ano em janela dos últimos 2 anos, 3 anos, 5 anos, 10 anos, 15 anos e 20 anos.

Para se chegar à rentabilidade da Treasury foi considerado o efeito também do câmbio. Isso quer dizer que o retorno acima adiciona à rentabilidade do título de renda fixa americano a variação do câmbio, ou seja, a valorização do dólar no período.

As Treasuries de 10 anos não batem nenhum índice de renda fixa brasileiro e em nenhum período passado.

Alguém pode dizer que "agora é diferente". Essa frase também é conhecida como desculpa para o que não se tem justificativa. Talvez se explique que agora a taxa dos títulos americanos esteja alta. É verdade ela está alta. Entretanto, as taxas de juros brasileiras também estão ainda mais elevadas.

Cuidado para não cair na armadilha da justificativa da diversificação. Você pode estar apenas investindo em algo com retorno mais baixo e elevando seu risco.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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