As ações do Bradesco caíram nesta quarta (7) mais de 15%. Isso significa uma perda de R$ 24 bilhões no valor de mercado das ações, conforme divulgado pela Folha de São Paulo. Entretanto, essa não foi a maior perda que os acionistas tiveram.
As ações de bancos são reconhecidas como ações pagadoras de dividendos. Esse tema atrai muito os investidores.
Já recebi e-mail de leitor que herdou quase R$ 1 milhão em ações do Bradesco e tinha dúvidas sobre a venda por causa da possibilidade de perda dos dividendos caso vendesse.
Se você comprou as ações preferenciais do Bradesco em fevereiro de 2011, ou seja, há 13 anos, você pagou R$ 11,35. Hoje, as ações encerraram o dia negociadas a R$ 13,96.
Em treze anos, o investidor das ações BBDC4 ganhou uma valorização de preço de 23%. Esse retorno equivale a uma rentabilidade anual de 1,61% ao ano.
Quando incluímos o dividendo, o retorno desta ação nestes últimos 13 anos subiu para o equivalente a 6,18% ao ano.
Reforço que foram considerados na conta todos os proventos, como dividendos, JCP, bonificações e outros.
Como comparação, a variação do IPCA no período foi equivalente a 5,85% ao ano.
Portanto, mesmo considerando dividendos, o investimento nas ações do Bradesco não rendeu nem 0,5% ao ano acima da inflação.
Não preciso nem falar que títulos de renda fixa renderam mais que 6% ao ano acima da inflação neste período.
A maior perda que o acionista de Bradesco teve não foi a queda de 15,9% de hoje. O pior foi perder mais de 5% ao ano de juros real em mais de uma década.
A perda de um retorno de 5% ao ano equivale a você deixar de ganhar 88,56% em 13 anos. Essa foi a grande perda do acionista de Bradesco e é mais de 5 vezes superior à desvalorização de hoje.
De fato, o melhor de muitas ações é o dividendo. Esse foi o caso das ações do Bradesco na última década. Mas, o dividendo é suficiente?
Cuidado para não ficar preso na armadilha do dividendo e perder o retorno que poderia ter de forma mais tranquila na renda fixa, ou mesmo trocando por outro ativo que tem melhor perspectiva de retorno.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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